São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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CPI vai atrás do dinheiro desviado

VALDO CRUZ; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Estamos muito perto", afirma o relator da comissão, senador Roberto Requião
A CPI dos Precatórios vai concentrar suas investigações, a partir de agora, em duas frentes: descobrir o destino do dinheiro remetido ao exterior e checar se autoridades políticas participaram do esquema.
"Estamos muito perto de chegar a esse ponto. Muito perto. Quando descobrirmos as contas no exterior que realmente distribuíam o dinheiro e o destino desse dinheiro, a CPI terá cumprido o seu papel", diz o relator da CPI, senador Roberto Requião (PMDB-PR).
A comissão do Senado investiga as operações com títulos públicos para pagar precatórios -dívidas com pagamento determinado por sentenças judiciais-, que teriam provocado prejuízo aos cofres de Estados e municípios de pelo menos R$ 400 milhões.
Os senadores acreditam que já está totalmente comprovada a existência de uma quadrilha que montava operações fictícias de compra e venda de títulos públicos para obter lucros elevados.
Para fugir do pagamento de impostos, as corretoras que participavam do esquema forjavam prejuízos fazendo pagamentos para empresas fantasmas.
O senador Vilson Kleinubing (PFL-SC), sub-relator da CPI, disse à Folha que sua missão agora é tentar provar a participação de políticos na "corrente da felicidade".
Os mais visados são os governadores Paulo Afonso (PMDB-SC) e Divaldo Suruagy (PMDB-AL) e o prefeito Celso Pitta (PPB-SP). Os três negam que tenham realizado operações para beneficiar empresas ou que tenham causado prejuízos aos cofres públicos.
Os senadores envolvidos nas investigações suspeitam de uma ligação entre políticos e empresas do esquema visando financiamento de campanhas eleitorais.
A CPI considera fundamental também identificar os receptores do dinheiro remetido ao exterior por empresas e pessoas envolvidas no suposto esquema de fraudes.
Anteontem à noite, Roberto Requião teria encontros reservados com doleiros que poderiam contribuir nas investigações. "São os doleiros que têm a chave do mistério. Eles é que distribuíram grande parte dos ganhos", diz Requião.
O BC está fazendo, a pedido da CPI, uma busca na documentação apreendida nas corretoras e distribuidoras liquidadas para descobrir pistas que possam levar a contas no exterior.

LEIA EDITORIAL pelo impeachment dos envolvidos com emissões irregulares de títulos à pág. 1-2

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