São Paulo, domingo, 9 de março de 1997 |
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A maré de Pitta
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Confesso minha decepção com a propalada competência do sr. Paulo Maluf, que dava a impressão de tudo saber e controlar durante seu mandato. * Nesse escândalo que muitos comentam e quase ninguém entende direito, houve um estranho efeito colateral: a TV Senado, para quem tem cabo ou satélite, experimenta seus 15 minutos de glória. Não chega a ser um cult, mas acompanhar as sessões da CPI ao vivo virou programa para muita gente. * Diz-se que os governantes começam seus mandatos contando com uma trégua geral. É o tempo concedido para renovar propostas e começar a agir. Para o prefeito Celso Pitta, a trégua não existiu. Passa, já de início, por um movimentado inferno astral. Não são apenas as investigações da CPI. A cidade está suja, as praças com mato, os buracos por toda a parte. O PAS enfrenta problemas sérios de gestão, e uma concorrência para o Cingapura está sob suspeita. * Sentindo que a maré não está para Pitta, o ex-prefeito, pai da criança, foi passear na Europa. Tá certo. * Como se dizia no velho jargão jornalístico, "uma fonte governamental altamente qualificada" não tem dúvida de que ainda há muito a ser explicado nas operações realizadas durante a gestão Maluf. Pitta continua batendo o pé e afirmando que outros podem ter feito bobagens, mas em São Paulo nada aconteceu de irregular. É possível, embora seja no mínimo estranho que o coordenador da dívida paulistana tenha reservado sua esperteza apenas para assessorar gente de outros Estados. * Enquanto São Paulo patina, o Rio, que parecia de vento em popa, saiu melancolicamente da disputa olímpica. E teve que pagar esse memorável mico de "apoiar" Buenos Aires para sede dos Jogos de 2004. Que tango. Texto Anterior: Ministério da Habitação só virá depois de 98, diz FHC Próximo Texto: Um jogo de alto risco Índice |
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