São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sociedade se une e reforma cadeia em MG

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A mobilização da sociedade em conjunto com a ação do poder público foi suficiente para reformar e ampliar a cadeia pública de Santos Dumont (211 km a sul de Belo Horizonte). Atualmente, também uma nova delegacia está sendo construída graças a esse esforço.
O promotor José Maria Castro Ferreira, 52, foi o elo de ligação entre os diversos setores envolvidos na iniciativa.
As obras estão sendo feitas com contribuições da sociedade local. Há um ano, a cadeia conta com mais cinco celas, inclusive uma para presos enfermos.
Nas celas antigas, os banheiros ganharam paredes e instalações sanitárias. O pátio recebeu um oratório onde uma missa é rezada todos os meses.
Os presos dizem que as celas eram "um lixo", além do problema de superlotação, que os obrigava a conviver com até 11 detentos em uma cela de 16 m2.
"Os banheiros não tinham encanamento. Os ratos e baratas andavam à vontade. As paredes eram sujas e mofadas", afirma o preso Roberto Barros, 28, que cumpre pena por furto.
"Salário"
Além da melhoria das condições, os seis presos que cumprem pena em regime semi-aberto tiveram a possibilidade de trabalhar com os pedreiros. Dois já tinham experiência como pedreiros.
A Lei de Execução Penal determina que a cada três dias trabalhados pelo preso, a pena diminua em um dia. Além disso, ele recebe dois terços do salário mínimo.
Todos os recursos para a obra foram conseguidos nos últimos quatro anos com contribuições da prefeitura, empresas, entidades e pessoas físicas.
A Câmara Municipal, por exemplo, aprovou que o pagamento dos presos fosse feito pela prefeitura.
O proprietário de uma padaria passou a fornecer lanches para os presos e pedreiros que trabalham na reforma.
Bom comportamento
"No começo, eu não acreditei que isso fosse possível", diz o delegado Nilton Dias de Castro, 62.
Segundo ele, não houve mais fugas desde que começaram as obras de reforma das celas há dois anos. O comportamento dos presos também melhorou.
A população passou, então, a cobrar que se fizesse o mesmo com a delegacia que funcionava no mesmo prédio da cadeia.
Uma viação de ônibus se propôs a pagar o aluguel de uma casa para a delegacia, cujo prédio antigo foi derrubado e agora está sendo novamente construído.

Texto Anterior: Brecha na lei facilita fraude em atestado
Próximo Texto: Fornecedores deram descontos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.