São Paulo, domingo, 9 de março de 1997 |
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Só água teve reajuste no Reino Unido
LUCIA MARTINS
As companhias de telefone, gás, luz e água foram todas vendidas para a iniciativa privada nas décadas de 80 e 90. Dessas, apenas a Thames Water (principal fornecedora da água) elevou os preços desde a sua privatização, em 89. A vilã argumenta que os aumentos de preços (cerca de 80%) devem ser interrompidos "muito em breve", assim que os investimentos necessários forem feitos (cerca de US$ 4 bilhões). O valor de uma ligação local, por exemplo, passou de US$ 0,31 para US$ 0,15 (veja quadro nesta página). A qualidade do serviço é, claramente, superior. Antes da privatização, o usuário demorava até seis meses para conseguir uma linha telefônica. Hoje, em dois ou três dias uma linha é instalada em qualquer região do país. Além disso, o usuário tem opção de poder usar cerca de 150 empresas que prestam serviços de telefonia. A BT tem cerca de 49% do mercado de telefones tradicionais, mas outras companhias oferecem serviços específicos, como, por exemplo, tarifas especiais para chamadas internacionais, secretárias eletrônicas etc. Por fim, a privatização resolveu ainda o problema dos telefones públicos. É difícil encontrar um telefone quebrado ou uma cabine velha em Londres, por exemplo. No caso da eletricidade e do gás, as melhoras também ocorreram. Apesar de a redução das tarifas não ter sido grande (queda de 12% e 8%, respectivamente), a qualidade do serviço aumentou, segundo pesquisa feita pelo governo com usuários no ano passado. "Antes, costumava haver cortes de fornecimento de gás e de luz, principalmente no inverno", afirma a professora aposentada Annete Brickman, 55, que mora na zona oeste de Londres. Para o professor de economia da Universidade de Oxford (Inglaterra) e autor do livro "Propriedade Pública e Privada no Reino Unido" (sobre as privatizações no país), James Foreman-Pack, "não há dúvidas de que houve melhoras nos serviços". "Mesmo no caso da água, as tarifas tendem a cair porque toda a empresa privada quer agradar o cliente. Além disso, a legislação permite que o governo intervenha para checar se os aumentos são justificados", afirma o professor de economia de Oxford. Próximo alvo: metrô Na área de transportes, o governo iniciou a privatização, no ano passado, da British Rail, a rede de trens do país. Os aumentos das tarifas foram proibidos, e o governo espera que os preços diminuam nos próximos anos. Se conseguir vencer as eleições em maio e continuar no poder, o primeiro-ministro John Major já anunciou que o próximo passo será privatizar o metrô londrino. A venda deverá arrecadar cerca de 2 bilhões de libras (US$ 3,4 bilhões). Mas, mesmo após a venda, o metrô ainda precisará de subsídios do governo. Os trabalhistas -que lideram as pesquisas de opinião- são contra a proposta de privatização. Eles defendem a abertura da empresa ao capital privado, mas com a condição de manter o controle do metrô nas mãos do Estado. México No México, somente agora a Telmex -privatizada em 1986- começa a enfrentar a concorrência de empresas nos serviços de longa distância. Houve um "tarifaço" na virada do ano: as tarifas médias subiram 39%, contra uma inflação de 18%. A chamada local subiu 48%, e a assinatura residencial média, 38%. Texto Anterior: Energia elétrica vai subir 14% em julho Próximo Texto: Conta de luz deve aumentar no Brasil Índice |
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