São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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Namoro iniciou guerra de tribos

MÁRIO MAGALHÃES
DO ENVIADO A ÁGUAS BELAS (PE)

A ascendência fulniô de Garrincha foi revelada pelo livro "Estrela Solitária", biografia do ponta-direita escrita por Ruy Castro.
"Uma irmã de Garrincha me falou da origem indígena", diz o escritor. Ele descobriu o rastro da linhagem paterna do bicampeão mundial de 58 e 62 e restringiu à região de Águas Belas o marco dos bisavós, até chegar à tribo Fulniô.
Eles teriam deixado a aldeia na década de 60 do século passado, quando 500 dos 700 fulniôs fugiram de invasores de terras que queriam escravizá-los.
Em 1914, o governo de Pernambuco devolveu parte da reserva original aos índios.
José Francisco dos Santos, futuro pai de Amaro, o pai de Garrincha, nasceu entre 1865 e 1875.
Os fulniôs ganharam sobrenome dos fazendeiros que os capturaram ou catequizaram. O do avô de Garrincha foi Francisco dos Santos.
Garrincha se chamava Manuel Francisco dos Santos, mesmo sobrenome do atual cacique, João Francisco dos Santos Filho.
Nascido em 1933, Mané morreu em 1983 em decorrência de alcoolismo. Os fulniôs já não fabricam uma bebida fermentada de frutas e raízes, mas são consumidores vorazes de cachaça.
A tribo é repleta, numa aberração estatística, de homens de pernas tortas, como Garrincha. Há muitos muito parecidos com ele.
O jogador era um irrequieto namorador. A última guerra intertribal dos fulniôs ocorreu na primeira metade do século 19, quando um deles conquistou a filha de um chefe dos Foclassa, nação indígena vizinha.
(MM)

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