São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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Ver ritual pode custar a vida

MÁRIO MAGALHÃES
DO ENVIADO A ÁGUAS BELAS (PE)

À primeira vista, os fulniôs são aculturados. Sua aldeia não passa de um bairro -pobre- de Águas Belas, com aproximadamente 600 casas, onde não moram famílias brancas. Todos falam português, com sotaque forte sertanejo.
Os índios estão integrados à atividade produtiva da cidade -os que não vivem de artesanato, trabalham, na maioria, como pedreiros. Há cinco policiais militares.
Mas as aparências enganam como dribles de Garrincha. Entre os mais velhos, a língua é o iatê. Os mais jovens, quando não têm fluência, entendem o idioma.
A 5 km da aldeia, fica a reserva fulniô, onde, durante nove meses do ano, iguais 600 casas -uma por família- ficam fechadas, como numa cidade fantasma.
"Não entre - perigo - tribo de índio", diz uma placa na entrada da reserva. O branco que desobedecer, em pleno Ouricuri, não sairá de lá vivo, dizem os índios.
Os três meses de rituais e o idioma são as marcas culturais mais fortes da tribo. O futebol a aproxima, e distancia, dos brancos.
"O futebol é um instrumento político, por causa da rivalidade com a sociedade branca. O índio se aprimora para provar que é melhor que o branco", diz o músico Marco dos Santos, conhecido como Marco Fulniô.
(MM)

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