São Paulo, domingo, 9 de março de 1997 |
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OPOSIÇÃO CEGA "Conclamar às greves e à ocupação de terras." Dessa forma, o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu, num claro desprezo pela via institucional, de que depende a democracia, pretende apresentar à população brasileira uma alternativa política ao governo de Fernando Henrique Cardoso. Há muito os partidos oposicionistas perdem-se em declarações ameaçadoras tentando disfarçar a sua atual incapacidade de formular propostas concretas para o país. Assim, tornam-se ainda mais frágeis, seguindo numa negação cega a tudo o que for realizado pelas forças políticas a que se opõem. Recentemente, depois de o governo vencer na Câmara a batalha em torno da emenda reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva já havia declarado seu descontentamento com a via institucional. A consolidação dessa tendência dentro de um dos mais importantes partidos do país é não apenas decepcionante, como também perigosa. Caso constituísse uma base partidária mais ampla nas duas Casas do Congresso Nacional e tivesse obtido sucesso nas últimas votações de destaque, certamente o PT não estaria menosprezando publicamente o Legislativo, Poder que, dessa maneira, se torna um alvo de críticas provocadas pelas diversas frustrações políticas das lideranças do partido. Movimentos populares, pressões de organismos sociais e entidades de classe são manifestações legítimas que devem ter seu espaço sempre garantido numa democracia. Porém pregar invasões de terras apenas visando a desestabilização do governo configura uma desesperada tentativa de chegar ao poder ignorando as leis do país e as regras do regime democrático, o que é intolerável. O recém-formado bloco da esquerda, na Câmara, tem a importante tarefa de fiscalizar atentamente o governo. Priorizar ações ilegais em detrimento do debate parlamentar consiste em uma provocação inaceitável de uma oposição que deve ao país um comportamento diferente. Texto Anterior: IMPEACHMENT Próximo Texto: UMA NOVA LÓGICA Índice |
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