São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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UMA NOVA LÓGICA

Nos EUA, o desemprego chegou a 5,3%, e a criação de novos empregos está no mais alto nível dos últimos nove meses. Na Alemanha, o desemprego é recorde dos últimos 60 anos.
Os investidores deslocam-se pelos mercados do mundo movidos em boa parte pela relação entre as várias taxas de juros. Desemprego alto significa, por exemplo, que, no mínimo, os juros não vão subir na Alemanha, podendo até cair. Economia aquecida nos EUA significa que os juros não serão reduzidos, podendo até subir. A tendência é aumentar a atratividade dos investimentos no mercado norte-americano, em dólares. Maior procura por dólares significa valorização da moeda.
Essa dinâmica tem inquietado os economistas. Muitos acreditam que há um limite para o crescimento que não gera inflação. Esse limite seria dado pelas taxas de desemprego. Quanto mais aquecida uma economia, menor o desemprego e maior a tendência de alta dos salários. Ou seja, haveria uma inclinação a aumento de custos que provocaria inflação.
Apesar desse modelo clássico das relações entre crescimento, emprego e inflação ser bastante lógico, a economia norte-americana pode estar entrando numa era de forte crescimento, com queda do desemprego, mas sem pressões inflacionárias. O modelo clássico precisa de revisão.
Dois fatores ajudam a entender o surgimento de uma nova lógica. Em primeiro lugar, a própria valorização do dólar permite aos EUA comprar matérias-primas, componentes, bens de consumo e máquinas, no mundo inteiro, em posição de vantagem. Ou seja, caem outros custos de produção que não os salariais. A economia cresce, mas com menos pressões inflacionárias.
O outro fator é a revolução tecnológica, que tira empregos, mas também cria inúmeras novas fronteiras de expansão da economia, sobretudo nos setores de serviços.
Trata-se de uma nova lógica, que por sua vez exige um novo conceito de política econômica.

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