São Paulo, domingo, 9 de março de 1997 |
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O Brasil não existe
CLÓVIS ROSSI São Paulo - Toda a conversa oficial a respeito do excelente nível que alcançou o relacionamento entre o Brasil e os Estados Unidos desaba à simples leitura de um livreto editado pela "Foreign Policy Association", entidade norte-americana não-partidária, dedicada, como o nome indica, ao estudo de política externa.Não que haja uma crise nesse relacionamento. O que há é a total e absoluta inexistência do Brasil na pauta da diplomacia norte-americana. O livreto foi editado com vistas às eleições do ano passado, como um guia para o cidadão norte-americano a respeito de temas de política externa. O nome Brasil simplesmente não é mencionado em uma única linha das 128 páginas do livreto. Mais: o Mercosul, o bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, tampouco é citado. Nem sequer no capítulo dedicado aos "blocos comerciais", ainda que o Mercosul seja um deles. Aparecem apenas, nesse item, a União Européia, o Nafta (o conglomerado EUA/ Canadá/México) e a Apec (um conjunto formado pelos EUA e mais 17 países). A rigor, o Brasil só existe como "outros" na pergunta: "Os EUA deveriam continuar a respaldar o Nafta e estendê-lo para incluir outros parceiros comerciais latino-americanos?". Pode ser que seja apenas incompetência da associação. Mas é mais razoável supor que se trate de uma omissão eloquente. O Brasil é de fato extremamente periférico na agenda externa norte-americana. Por isso, convém ser cauteloso na avaliação do caudaloso noticiário fácil de prever a respeito da visita ao país do presidente Bill Clinton, marcada para maio. Não que seja desimportante. As relações com os EUA, por serem a única superpotência remanescente, são fundamentais para qualquer país do planeta. O problema é a absoluta assimetria de importância. E, por extensão, da visão que cada lado tem do relacionamento. Texto Anterior: UMA NOVA LÓGICA Próximo Texto: Um erro da CPI Índice |
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