| São Paulo, domingo, 9 de março de 1997 |
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Filho precisa da verdade Os psicanalistas acreditam que é melhor para a mãe ou pai gay contar a verdade aos filhos. "O ideal é que a criança possa lidar com o problema conscientemente. Se o fato não é falado, ele pode ser percebido inconscientemente, e isso vai fazer mal para ela. O filho pode até criar traços compulsivos, como alcoolismo ou dependência de drogas", diz Anna Veronica Mautner, da Sociedade Brasileira de Psicanálise. O psicanalista Julio Nascimento também acha melhor contar logo. "Saber da verdade sobre os nossos pais é ótimo. Quando existe uma mentira, pode gerar neurose." Segundo Nascimento, é muito pior para a criança ter como pais um casal que fica junto sem se amar realmente. "Hoje, na psicanálise, sabe-se que ter como modelo de pais um casal que não tem desejo sexual mútuo é uma das piores coisas que pode acontecer para uma criança." Segundo ele, o filho vai se identificar com uma pessoa que não é desejada. Dizer a verdade não implica ser aceito imediatamente só porque se foi sincero. "Os filhos dificilmente aceitarão numa boa. Eles tendem a ver os pais como pessoas estabilizadas, que não vão mudar nunca", diz Nascimento, que também é membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise. Os filhos podem chorar, brigar e morrer de vergonha, mas não deverão ter seu desenvolvimento sexual afetado. "Muitos gays têm filhos heterossexuais", afirma Anna Veronica. Mas, segundo a psicanalista, devem-se evitar cenas de amor na frente das crianças, inclusive beijos. "Mesmo em casos heterossexuais, não é bom para o filho ver seu pai ou mãe substituída", diz. Texto Anterior: Quando os maridos saem do armário Próximo Texto: Trocada por outro homem Índice |
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