São Paulo, domingo, 9 de março de 1997
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Canais comunitários enfatizam a prestação de serviços pela TV

MARIANA SCALZO

MARIANA SCALZO; ELAINE GUERINI
DA REPORTAGEM LOCAL*

A partir de 21 de abril, os assinantes de TV a cabo da cidade de São Paulo vão ganhar mais um canal. A TV Comunitária entra no ar com a proposta de colocar o cidadão no vídeo.
Os canais comunitários são canais de acesso público e utilização gratuita -o que os difere dos canais locais-, regulamentados pela lei federal número 8.977, de janeiro de 1995.
Além do canal comunitário, a lei prevê a criação de um canal legislativo municipal/estadual, um canal reservado para a Câmara dos Deputados, outro para o Senado e um canal educativo e cultural -reservado para utilização pelos órgãos que tratam de educação e cultura no governo.
O canal de São Paulo é administrado por cinco grupos: TV Interação, TV Sampa, TVC, TV OAB e TV Vida e Trabalho. Por trás desses grupos estão mais de 90 entidades não governamentais, entre elas sindicatos, associações comerciais e de bairros. A Net Brasil ajuda na viabilização do projeto.
"Esses grupos são responsáveis pela organização da grade de programação e pela gestão do canal", diz Irma Passoni, consultora da Millenium Comunicações que assessora a Net Brasil no assunto.
O canal ainda não tem uma grade de programação determinada. "Vai ser um grande mosaico de São Paulo. As nossas preocupações na programação concentram-se em três pontos: a informação, com a apresentação de um jornalismo mais interpretativo, a prestação de serviço e a formação do cidadão", diz Jairo Silva, diretor de programação da TV Vida e Trabalho.
"O canal vai ser a maneira do cidadão acessar os meios de comunicação. A comunidade vai poder refletir sobre seus problemas e sua cultura. Vai mostrar a identidade local", fala Passoni.
O canal deve entrar no ar com três horas inéditas de programação diária, exibidas pela manhã e repetidas à tarde e à noite.
Para manter o canal, os grupos estão buscando parcerias com a iniciativa privada, utilizando as leis de incentivo cultural.
Além da cidade de São Paulo, outros municípios, como Campinas, Jundiaí, São Carlos, Bauru e Rio de Janeiro, já estão colocando seus canais no ar.
Rio Preto
Em meados de abril, estréia a Rede Integrativa de Televisão de São José do Rio Preto (a 451 km da capital). Com programação inicial de três horas diárias, o canal de TV a cabo será lançado no pacote da Multicanal.
O canal é uma iniciativa da Unesp (Universidade Estadual Paulista), das secretarias municipal e estadual de Educação e Cultura, de ONGs e de entidades locais. "Nosso objetivo é discutir e apresentar soluções para problemas da cidade, além de cobrir eventos culturais e esportivos", diz o diretor-geral Aledir Silveira Pereira, 42.
Um dos destaques da programação será "Cidadania", uma espécie de consultoria que membros da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) vão prestar aos telespectadores.
Com sede na Unesp, o canal pretende seguir o exemplo da TV Cultura e adotar o sistema de apoio cultural para gerar recursos. "Não podemos veicular comerciais, mas podemos buscar patrocinadores para os programas. Isso vai ajudar a cobrir as despesas", afirma Pereira.
Canal local
A Net Brasil está estruturando o projeto de desenvolvimentos de canais locais, para lançamento até o fim deste semestre.
A empresa vai desenvolver um formato, com vinhetas, cenários e uma dinâmica de programação, que seria igual para todas as localidades que aderirem.
"Todos vão ter a mesma estrutura, o que diferencia é a produção local de cada um", explica Antonio Barreto, diretor de marketing da Net Brasil.
Os canais vão ter como foco a cidade. "Isso é o que diferencia o serviço de cabo e MMDS (microondas), ele pode servir uma localidade", diz Barreto.

*Colaborou ELAINE GUERINI, da Reportagem Local

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