São Paulo, domingo, 23 de março de 1997
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Franco lança a tese do 'déficit-bicicleta'

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco, está lançando uma tese para defender a política de câmbio do governo: o "déficit-bicicleta".
A expressão não chegou a ser usada por Franco, mas o veículo de duas rodas já passou a fazer parte da coleção de metáforas usada em suas argumentações.
Seguindo o raciocínio, a situação da balança comercial brasileira melhora da água (de poço) para o vinho (importado).
A lógica é a seguinte: quando se olha para o fluxo de caixa do país, o déficit de quase US$ 5,5 bilhões de 96, calculado com base nos embarques e desembarques de mercadorias do país, desaparece.
Em seu lugar, continua, aparece um vigoroso superávit de US$ 8 bilhões em 96 -o saldo registrado quando se considera as entradas e saídas efetivas de dólares do país.
A diferença entre as duas contas se deve, explica o diretor do BC, ao financiamento das importações, que atingiria dois terços das compras feitas no exterior.
Mas essas duas contas não devem bater a médio prazo, já que esses financiamentos são obrigações que as empresas e pessoas físicas terão de quitar mais tarde?
Não, segundo o argumento de Franco, e é justamente por isso que o déficit comercial não preocupa o governo, sustenta ele.
"Não existe um momento em que pára o comércio e você tem que saldar suas obrigações. Isso é uma bicicleta que continua andando pelo resto da vida", conclui.
Segundo ele, essa "bicicleta" ocorre porque os financiamentos são oferecidos pelos próprios fornecedores de artigos importados, ou seja, essa fonte não corre o risco de secar. "É o comércio que gera a sua própria dinâmica", resume.

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