São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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Ex-delegado da PF vai ajudar doleiros

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FOZ DO IGUAÇU

Os irmãos Benício Alonso de Godoi e Carmem Alonso de Javiel, que seriam responsáveis pela retirada de R$ 113 milhões do país, segundo levantamento da CPI dos Precatórios, deverão ter assistência jurídica de um delegado aposentado da Polícia Federal.
Para abrir uma conta corrente na agência do Banco do Brasil em Foz do Iguaçu (PR), Carmem Alonso Javiel utilizou o endereço do delegado aposentado João Mello, 52.
Mello disse ontem que "foi normal" a doleira paraguaia usar o seu endereço (rua Osvaldo Requião, 6, Jardim Iguaçu, em Foz do Iguaçu). Segundo ele, sua mulher é amiga de infância de Carmem.
Mello, que trabalha como advogado em Foz do Iguaçu, afirmou que Carmem e sua mulher cogitavam abrir uma exportadora de cosméticos na cidade. Ele disse também que dará assistência jurídica aos irmãos no Brasil.
A Agência Folha apurou que ontem pela manhã Benício de Godoi esteve em Foz do Iguaçu, mas não se encontrou com o senador Romeu Tuma (PFL-SP).
Ele disse que só não prestou depoimento à PF em razão "do cerco da imprensa".
O irmão de Benício, Mariano Alonso de Godoi, proprietário de uma corretora de seguros em Pedro Juan Caballero, disse que Carmem está nas proximidades de Assunção, em um lugar sem telefone.
Mariano Godoi negou o envolvimento de sua irmã no esquema dos precatórios. Ele, porém, não soube justificar a emissão de cheques no total de R$ 21,5 milhões, emitidos por Carmem.
Araucária
Ontem, a diretora do Banco Araucária Ruth Bandeira depôs na PF de Foz do Iguaçu.
Tuma disse que solicitou ao banco o destino e a origem de depósitos de R$ 16,5 milhões feitos pelo Araucária em agências do Banespa e do Unibanco de Foz do Iguaçu.
O presidente do Banco Araucária, Alberto Dalcanalle Neto, informou que foram solicitados apenas extratos da movimentação financeira da Araucária Corretora relativos ao período de agosto de 1994 a fevereiro de 1995.
Nessa época, a Araucária Corretora representava o Banco Araucária S/A (do mesmo grupo), que não possuía agências em Foz do Iguaçu.
Dalcanalle afirmou que o seu banco trabalha com o Banco Integracion em operações interbancárias flutuantes, no "repatriamento" de reais que são gastos por sacoleiros brasileiros em Ciudad del Este, no Paraguai.
O Banco Integracion teve extratos de sua movimentação financeira nas agências do BB e do Banestado (Banco do Estado do Paraná) solicitados pela CPI dos Precatórios.

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