São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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Acertos de banqueiro beneficiaram empreiteiras

Ex-diretor da Emurb ajudou construtoras do caso Paubrasil

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Como diretor financeiro da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), o banqueiro José Carlos de Oliveira ajudou a administração de Paulo Maluf (1993-96) a concretizar operações que favoreceram empreiteiras.
Presidente do Gulfinvest, Oliveira fez negócios, em 93, com títulos da Prefeitura de São Paulo destinados ao pagamento de precatórios.
Nessa mesma época, Oliveira ocupava o cargo de diretor financeiro da Emurb. Foi nesse posto que ganhou prestígio na gestão Maluf, segundo apurou a Folha junto a empreiteiros, como "cérebro" de operações que ajudaram construtoras.
Ex-assessor de Reynaldo de Barros, secretário de Obras e presidente da Emurb nas administrações Maluf e Pitta, o presidente do Gulfinvest foi responsável por planejar a continuação de obras licitadas ainda no governo Jânio Quadros (1986-88).
O túnel Ayrton Senna, uma das maiores obras malufistas, com custo de R$ 746,5 milhões, fez parte das operações arquitetadas por Oliveira. A obra havia sido ignorada por Luiza Erundina (1989-92). A equipe da então prefeita questionava o preço da túnel.
Com Maluf na prefeitura, em 93, a Emurb resgatou o mesmo contrato antigo, deixando de fazer uma nova concorrência.
Era uma forma de manter as mesmas empreiteiras que haviam vencido a licitação no governo Jânio -a CBPO e a Constran.
As duas empresas, segundo o Ministério Público Federal, haviam doado cerca de U$ 5,8 milhões ao esquema Paubrasil, como ficou conhecido o sistema de arrecadação de Maluf nas eleições de 90 (governador) e 92 (prefeito). A obra está sob investigação do Ministério Público estadual.
Outra operação que contou com o banqueiro tinha como objetivo a construção de três usinas de reciclagem de lixo. A licitação foi vencida pelo consórcio Vega Sopave (grupo OAS) e Etesco, mas o negócio foi inviabilizado pelo BC.
Pelo acerto, a prefeitura serviria de avalista (empenhando tarifas públicas) para as obras. O BC vetou, alegando a possibilidade de prejuízo para o contribuinte.

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