São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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D. Paulo vê perseguição racial ao prefeito e ataca senadores

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O cardeal arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, 75, defendeu ontem o prefeito Celso Pitta (PPB) das denúncias que ele vem sofrendo dos integrantes da CPI dos Precatórios. E criticou a comissão do Senado.
"O prefeito de São Paulo foi colocado diretamente no pelourinho, enquanto o chefe dele não era mencionado", afirmou d. Paulo, referindo-se ao ex-prefeito Paulo Maluf (PPB).
"Eu protesto em nome de um prefeito de cor, que não nasceu aqui, e por isso desperta o ciúme de muita gente", disse d. Paulo.
Questionado se os ataques ao prefeito seriam causados por racismo, o cardeal também respondeu indiretamente: "Isso fere a todos nós no Brasil, que temos 43% de sangue negro".
D. Paulo ressaltou que não tem certeza sobre a culpa ou a inocência de Pitta no escândalo dos precatórios. "Mas não se pode incriminar uma pessoa sem o julgamento adequado", disse.
As declarações do cardeal foram dadas em entrevista ontem, após o anúncio da mensagem de Páscoa da Arquidiocese de São Paulo.
A CPI dos Precatórios também foi alvo das críticas do cardeal: "Muitos senadores estão usando a CPI para se promover. Mas muitos que lá estão precisariam também passar por uma CPI".
Indagado sobre quem seriam esses senadores, d. Paulo falou indiretamente. "Sou de Santa Catarina e tenho irmãos que moram no Paraná. Sei o que os governadores desses Estados fizeram por lá."
O cardeal pode estar se referindo aos senadores Roberto Requião (PMDB) e Vilson Kleinubing (PFL), que foram, respectivamente, governadores do Paraná e de Santa Catarina.
D. Paulo disse que seu sucessor na Arquidiocese de São Paulo não deve ser anunciado até agosto. "Falei sobre o assunto como representante diplomático do Vaticano no Brasil. Ele disse que a decisão só deve sair depois das férias no Vaticano, que acabam em setembro."
(LHA)

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