São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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Maluf exige fim de disputa de caciques

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-prefeito Paulo Maluf interveio pessoalmente e exigiu que dois caciques de seu grupo político, Calim Eid e Edevaldo Alves da Silva, aceitassem um armistício.
O empresário Eid foi tesoureiro de muitas campanhas malufistas e durante anos desempenhou o papel de principal articulador político do malufismo.
Silva é o atual secretário municipal de Governo da administração paulistana. No caso dos precatórios, Silva é o orientador da defesa do prefeito Celso Pitta.
Maluf telefonou do exterior para Pitta e ordenou que o prefeito entrasse em contato com os dois caciques para que cessassem as hostilidades.
Aparentemente, a intervenção de Maluf deu resultado. O grupo de Eid responsabiliza Silva pela escolha da assessoria de Pitta, que em seu entender é responsável pela difícil situação do prefeito.
Já a ala ligada a Silva atribui as críticas de Eid ao inconformismo do empresário com a diminuição de sua influência na prefeitura. Eid, segundo o grupo de Alves, representaria a face do "velho malufismo".
Embora rivais antigos, Eid e Silva até agora mantinham uma relação respeitosa. O acirramento de ânimos reflete o grau de desespero que vive o malufismo com o prejuízo político causado pelo escândalo dos precatórios.
Federal
A unidade na bancada federal do PPB também foi quebrada. O deputado Ricardo Izar (SP) atacou ontem seu colega Delfim Netto (SP).
"O Delfim está fazendo bobagem ao não trabalhar com a bancada na defesa de Pitta", disse Izar.
O estremecimento entre os dois malufistas deve-se a uma visão diferente sobre como atuar no caso precatórios.
Izar e outros deputados paulistas entendem que é necessário uma "tropa de choque" no Congresso para enfrentar as acusações.
Delfim disse que a única saída é a convocação de Pitta para depor na CPI. "Bobagem é a tal de tropa de choque. Não existe nada que incrimine o Pitta e basta ele ser chamado pela CPI para esclarecer as coisas", declarou.
Interlocutor diário de Maluf, Delfim não compareceu na última segunda-feira a uma reunião da bancada federal malufista de São Paulo com Pitta.
A bancada paulista também se queixa de uma suposta omissão do senador Esperidião Amin (PPB-SC) na defesa de Pitta.
Amin, que é o presidente nacional do PPB, sempre teve relação difícil com Maluf.

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