São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997 |
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Educador só admite cota com mais vagas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL O presidente da Câmara de Ensino Superior do Conselho Nacional de Educação, Efrem de Aguiar Maranhão, é favorável à criação de cotas sociais nas universidades, desde que haja mais vagas.Para ele, não se pode diminuir a oferta de vagas no vestibular em função das cotas. "Quem presta o exame sai prejudicado", diz. A Câmara de Ensino Superior, formada por 12 membros, vai avaliar a proposta de cotas sociais feita pelo ministro da Educação, Paulo Renato Souza. O ministro anunciou ontem que vai propor que haja reservas de vagas nas universidades para, por exemplo, estudantes de outros Estados e/ou de escolas públicas. A medida, se aceita pelo Conselho Nacional de Educação, valerá em todas as universidades brasileiras. Maranhão, 44, que já foi reitor da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, afirma que as cotas ferem o princípio da Constituição que garante direitos iguais. "Não adianta ficar com pena porque alguns não tiveram oportunidade", afirma, reiterando que as universidades não podem correr o risco de formar profissionais incompetentes. A melhor saída para igualar as oportunidades, para ele, é investir no ensino de 1º e 2º graus. Maranhão só admite as cotas se for criado um número proporcional de vagas. "Por exemplo, uma universidade que ofereça 3.000 vagas passaria a oferecer 10% a mais, 300 vagas, em função das cotas." O presidente da Câmara de Ensino Superior defende a continuidade do vestibular como forma de seleção para as universidades. Reitores Os reitores de universidades públicas de São Paulo ouvidos pela reportagem da Folha acreditam que o estabelecimento de cotas sociais não resolve a dificuldade de acesso dos estudantes de escolas públicas ao ensino universitário. "O problema é melhorar o ensino de 2º grau para que essas pessoas passem a ter -em igualdade de condições e sem paternalismo- acesso à universidade", afirma José Martins Filho, 53, reitor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). O reitor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Antonio Manoel dos Santos Silva, 53, tem opinião semelhante. "A única forma (de resolver o problema) é a melhoria do ensino de 1º e 2º grau, para que eles tenham condição de competir com os que têm melhores condições de ensino", diz. O reitor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), José Rubens Rebelatto, 41, diz que a tentativa não vai resolver o problema. "Estudar formas mais justas de acesso é uma obrigação constante, mas a realidade é que não temos o vagas suficientes para todos." A UNE (União Nacional dos Estudantes) historicamente defende a reserva de cotas nas universidades públicas para estudantes provenientes da escola pública. Segundo o presidente da entidade, Orlando Silva Júnior, hoje esse assunto está sendo novamente debatido pelo movimento estudantil. No final de maio o assunto será discutido no congresso da UNE. Uma das correntes do movimento estudantil defende o livre ingresso às universidades públicas. Texto Anterior: Ministro diz que vai fiscalizar orçamento Próximo Texto: Justiça veta menor de 7 anos de novo Índice |
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