São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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Intervenções do BC marcam início da crise

DA REPORTAGEM LOCAL

A crise do Banco Bamerindus teve início com a intervenção do Banco Central no Nacional e no Econômico em 95.
Elas alimentaram os rumores de que também o Bamerindus estaria enfrentando dificuldades.
Analistas do mercado chamavam atenção para os problemas enfrentados pelo grupo com uma de suas empresas -a fábrica de papel Inpacel- onde o Bamerindus havia investido muito dinheiro e que estava dando prejuízo.
Com os boatos correndo no mercado, o Bamerindus passou a enfrentar uma onda de saques.
Grandes clientes transferiram suas aplicações para outras instituições, o que prejudicou ainda mais o desempenho do banco.
Segundo maior banco privado do país em número de agências (1.208 em fevereiro deste ano), o Bamerindus foi obrigado a recorrer diariamente ao redesconto para zerar suas operações. Em fevereiro deste ano, esses empréstimos diários já superavam R$ 1,5 bilhão.
Reforma patrimonial
Em uma tentativa de reverter a situação, o grupo Bamerindus decidiu operar uma reforma patrimonial em julho de 96.
O controle da Inpacel foi transferido para a Bamerindus Companhia de Seguros. Com essa reforma, R$ 25 milhões do prejuízo gerado pela fábrica foram repassados para a seguradora.
Na semana passada, a seguradora que estava vendendo a fábrica para a empresa confirmava que estava vendendo a fábrica para a empresa canadense Stern.
Nos primeiros nove meses de 96, o Banco Bamerindus registrou prejuízo de R$ 33,8 milhões. O patrimônio líquido caiu de R$ 1,4 bilhão para R$ 1,3 bilhão.
Durante os últimos meses de 96, o Bamerindus e o Banco Central discutiram várias alternativas para evitar a intervenção no banco e a adoção do Raet (Regime de Administração Temporária), que prevê a administração direta da instituição financeira pelo BC.
Em setembro de 96, o Bamerindus apresentou ao BC uma proposta de reestruturação.
A intenção do banco era nomear um grupo de executivos, indicados pelo próprio banco e pelo BC, para administrar a instituição por um prazo determinado e preparar a venda do seu controle.
O senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR), licenciado da presidência do banco desde 1990, ficaria com apenas 5% das ações preferenciais. Mas não houve acordo com o BC.
A operação de salvamento do Bamerindus sempre esbarrou na dificuldade em encontrar um comprador. O candidato preferido do BC para assumir o Bamerindus, após reforma de sua estrutura, era o Hong Kong and Shangai Banking Corporation, que tem 6,14% do capital do banco.

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