São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 1997
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Billy Paul reanima geração discoteca

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Billy Paul fez uma única apresentação em São Paulo, anteontem, no Bourbon Street. Foi o suficiente para reanimar parte da geração discoteca que, hoje, passa dos 40 anos.
Lá estavam casais com o telefone celular na mesa, caso o filho adolescente ligasse, à procura de um bom advogado.
Lá estavam senhoras "em forma", cabelos tingidos e roupas apertadas, com os bracinhos dobrados, reproduzindo a coreografia que dominou a cena no final dos anos 70 -duas cotoveladinhas pra lá, duas pra cá.
E, nos primeiros acordes de "Your Song", o público, como numa cerimônia religiosa, olhava para os olhos do próximo e sorria: "Ah, que saudades..."
Billy Paul é um profissional como poucos. Seu show segue o roteiro clássico dos shows dos mitos da música negra que têm visitado o Brasil.
A banda abre com uma instrumental. Toca a vinheta "Me and Mrs. Jones". Só então entra Billy Paul, com brilho nos olhos, sorrindo, saudando a platéia e arriscando palavras em português -é um veterano em palcos brasileiros.
Ele vive um novo momento na carreira de mais de 30 anos. Seu álbum, "The Best of Billy Paul", é disco de platina na França -mais de 600 mil cópias. Seu show é parte de uma turnê que roda o mundo, incluindo países da antiga Cortina de Ferro, como a Rússia.
É um dos maiores expoentes do funk, movimento que hoje é realimentado e sampleado por bandas inglesas e norte-americanas, provando a qualidade das músicas.
Mas tirando "Your Song", "Me and Mrs. Jones", "Thanks for Saving My Life" e "July, July", hits que dominaram as pistas de dança da época, pouco se conhece sobre o trabalho recente do compositor.
Diferentemente de Stevie Wonder e Marvin Gaye, que, como ele, começaram no soul, a obra de Billy Paul é limitada. Seus sucessos ficaram restritos aos do passado. Ele lembra um "cover" de si mesmo.
Essa sensação fica evidente quando ele homenageia seu ex-amigo dos tempos da Califórnia, Marvin Gaye, cantando "What's Going On" e "Let's Get it On".
Gaye tem uma obra rica, engajada e romântica, que atravessa vários momentos da cultura pop norte-americana. Paul é ainda e tão somente o rei da discoteca.

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