São Paulo, sábado, 29 de março de 1997
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Pioneiro da Campos Altos é diarista

DA AGÊNCIA FOLHA, EM OURILÂNDIA DO NORTE (PA)

José Ribamar da Silva, 34, que já foi garimpeiro e participou de assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), é um dos primeiros invasores da fazenda Campos Altos, mas ainda trabalha como diarista.
Ele mantém um lote de 50 hectares na área ocupada, mas não trabalha nele todos os dias. "Faço diária três ou quatro vezes por semana na fazenda vizinha", disse Silva.
"Nos outros dias, trabalho no meu lote. É o único jeito para sobreviver, já que o assentamento não recebe apoio de ninguém."
Silva já derrubou parte da mata do seu lote e plantou milho, arroz e mandioca em cinco hectares. Ele afirmou que recebeu a ajuda de um companheiro apenas na derrubada. Fez todo o resto sozinho.
Ele disse que espera uma negociação com o Incra para poder se fixar na área. Mas, antes mesmo do resultado, pretende ficar de vez em seu lote. "Assim que vier a colheita e a produção garantir o meu sustento", afirmou.
Atualmente, Silva recebe R$ 5 pela diária de trabalho na terra dos outros. "Se o ganho empatar, já tá bom. Pelo menos a terra é minha."
Maranhense de Pedreira, ele disse que, antes de ocupar a fazenda, trabalhou nos garimpos de ouro em Cumaru, Rio Branco e Águas Claras, no sul do Pará. Também chegou a participar do assentamento na gleba Sudoeste, em São Félix do Xingu (680 km ao sul de Belém), organizado pelo MST. "Fugi da malária e da briga com os índios", disse Silva.
Parte da Sudoeste é disputada por sem-terra e índios trincheira-bacajá e, além do isolamento (a gleba fica a 200 km do núcleo urbano mais próximo), da falta de estradas, escolas e de postos de saúde, a Sudoeste é um foco de malária.
Segundo Pedrinho Mississipi, líder local, no ano passado pelo menos 1.500 pessoas contraíram a doença.

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