São Paulo, sábado, 29 de março de 1997 |
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Fazenda foi comprada após invasão
DA AGÊNCIA FOLHA, EM OURILÂNDIA DO NORTE (PA) O funcionário Jeová Limiro de Almeida, 39, um dos quatro remanescentes dos 80 trabalhadores que invadiram inicialmente a fazenda Campos Altos, afirma que o dono comprou a fazenda em maio do ano passado, um mês após a invasão."O José Lasmar (gerente na época) me chamou para trabalhar, mas avisou: a área está invadida. Perguntou se eu topava e eu topei", disse Almeida. Segundo produtores vizinhos que pediram para não serem identificados, já que a área era de conflito, o dono, Dimas Luís Silva, teria comprado a terra desvalorizada devido à invasão, com a intenção de vendê-la posteriormente ao Incra. Porém, a documentação do Incra frustra essa suposta intenção. "A terra é toda grilada. É terra do Estado que foi passada irregularmente para o nome do fantasma Carlos Medeiros", disse o superintendente do Incra, Petrus Abi-Abib. Desde 1985, a Justiça investiga uma quadrilha de advogados que criou o nome fictício Carlos Medeiros, com o qual compraria e revenderia terras irregulares. Segundo o Iterpa (Instituto de Terras do Pará), o suposto "fantasma" Medeiros tem hoje no Estado 9,4 milhões de hectares de terras irregulares. Na opinião de Abi-Abib, Silva só terá direito a receber indenizações referentes a benfeitorias, mas o que pagou pela terra ele dificilmente vai recuperar. Hoje existem cerca de 200 sem-terra trabalhando em seus lotes dentro da fazenda. Até Almeida avisa que por enquanto é funcionário. "Mas, quando sair a negociação com o Incra, vou ficar com a área que eu cuido e viro posseiro", disse ele. Almeida, a mulher, três filhos, cunhado, cunhada, uma sobrinha e sogra moram numa casa de alvenaria no fundo da fazenda. Texto Anterior: Pioneiro da Campos Altos é diarista Próximo Texto: Acusado de mortes está foragido Índice |
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