São Paulo, sábado, 29 de março de 1997
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Justiça bloqueou as contas de Zanetti

CLAUDINÊ GONÇALVES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE BERNA

Contas movimentadas pelo italiano Angelo Zanetti foram bloqueadas na Suíça e em outros países. A informação foi confirmada pelo promotor Jacques Ducry, 42, do Ministério Público de Bellinzona, na Suíça italiana. Se essas contas têm outros e quais proprietários, o promotor Ducry não pode revelar, pois o inquérito ainda não foi concluído.
Zanetti é o homem do narcotráfico que fez depósitos em contas de Paulo César Farias, segundo a Justiça italiana. Ele é réu em dois processos, um na Itália e outro na Suíça, após a apreensão de 5,5 toneladas de cocaína em Turim, em 94.
Depois de libertado na Itália, Zanetti foi preso na Suíça dia 28 de setembro de 1994 e ficou 17 meses em prisão preventiva. Foi libertado ano passado sob fiança e teve seu passaporte confiscado.
O promotor Ducry é o responsável pelo inquérito que, segundo ele, será concluído dentro de algumas semanas e depois enviado à Justiça para julgamento. Zanetti pode pegar até 25 anos de prisão (20 anos por narcotráfico e cinco anos por lavagem de dinheiro).
Segundo o promotor Ducry, Zanetti lavou cerca de US$ 20 milhões, maior soma já descoberta no Cantão do Ticino, onde esses casos ocorrem com frequência.
O promotor de Bellinzona ignora até agora se haverá algum interesse da Justiça brasileira pelo caso Zanetti. Se houver, isso deverá ser feito por meio de carta rogatória pedindo colaboração à Suíça.
Com isso, o promotor Ducry colocaria à disposição das autoridades brasileiras os autos do processo e poderia marcar audição com Zanetti. O bloqueio de outras contas na Suíça, se solicitado pelo Brasil, também seria possível.
Indagado se é possível fazer US$ 20 milhões em depósitos sem saber quem são os beneficiados, o promotor Ducry respondeu à Folha que isso será verificado no tribunal criminal competente.
O advogado de Zanetti, Filippo Ferrari, declarou que vai precisar de tempo para examinar cerca de 4.000 novos documentos que surgiram com a prisão recente, pela segunda vez na Itália, de Antonio Scambia, 66. Ele pertencia ao mesmo esquema mafioso e, em seus depoimentos, revelou as relações do narcotráfico com o Brasil e PC.

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