São Paulo, sábado, 29 de março de 1997
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Escritor do Texas mantém 007 na ativa

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Benson, Raymond Benson. Nascido e formado no Texas, EUA, 41 anos, casado. Criador de jogos de computador para a Rabid Entertainment (ex-Viacom New Media). Bondmaníaco desde criança.
Eis a ficha biográfica sinóptica do escritor que enfrenta, desde novembro de 1995, o desafio de manter vivo também nos livros o mito de James Bond. Raymond Benson é o primeiro norte-americano a suceder o criador do agente 007, Ian Fleming.
Kingsley Amis, com um livro, e o recém-aposentado John Gardner, com 14, fizeram a ponte entre o criador e o novo autor, que está lançando na Inglaterra e nos EUA seu trabalho de estréia, "Zero Minus 10" (Zero Menos 10).
Benson herdou a coroa por escolha do próprio ex-agente literário de Fleming, Peter Janson-Smith, atual presidente da Glidrose Publications, que detém os direitos mundiais sobre Bond.
A devoção do texano a Bond pesou mais que a inexperiência literária. Tudo que Benson publicou até aqui foi a enciclopédia de cabeceira dos devotos de 007, "The James Bond Bedside Companion", lançada em 1984 e há tempos fora de catálogo.
A pesquisa aproximou-o de Janson-Smith. A satisfação com o resultado deu início ao namoro, com o convite para Benson adaptar para o teatro "Casino Royale".
A montagem não saiu do papel, mas Benson acumulou novos pontos. Ao surgir o problema da substituição de Gardner no papel de autor oficial das novas tramas do agente que adora martínis "batidos, não misturados", a candidatura do amigo texano de Bond impôs-se naturalmente.
Robert Benson promete uma volta "ao Bond de Fleming", um personagem "muito humano, que sentia emoção, medo, dor, desânimo", como afirmou o escritor em longa entrevista à "Mr. Kiss Kiss Bang Bang!", a bela revista on line dedicada exclusivamente a 007 (users.hol.gr/~boldman).
Junto a John Gardner, aposenta-se assim o James Bond cerebral, à moda John Le Carre, dos últimos livros.
Benson evita também a trilha politicamente correta pós-Guerra Fria brilhantemente satirizada por Will Self no conto "License to Hug" (Licença para Abraçar) publicada na revista americana "Esquire" de novembro de 1995 -aliás, não tão distante do estilo Pierce Brosnan em "007 contra Goldeneye".
Reaproximar o Bond das páginas do das telas é um dos desafios assumidos por Benson. Seu ideal "é o Bond de Fleming, mas o mundo em torno dele é influenciado mais pelos filmes", disse em outra entrevista.
Nada mais natural, já que Benson foi introduzido ao culto nas telonas, assistindo "Goldfinger" ao lado do pai num drive-in texano. Seu filme (e livro) favorito é "007 contra Moscou" (From Russia with Love, 1963) -"É a história mais engenhosa". Sean Connery, claro, seu intérprete predileto.
"Não quero ser o George Lazenby dos escritores de Bond", diz Benson. Já não o será. "Zero Minus 10" teve dois trechos adiantados nas edições datadas de abril e maio da "Playboy" americana e recebeu elogios rasgados no tradicionalíssimo diário britânico "The Sunday Times".
Benson já acertou as bases de seu segundo Bond e poderá assinar ainda a novelização do próximo filme, "Tomorrow Never Dies" (O Amanhã Nunca Morre).

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