São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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Governo vai fazer novas concessões

Líderes preparam 'emendão'

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os líderes dos partidos governistas na Câmara preparam um "emendão" modificando pontos polêmicos da reforma administrativa, para tentar aprovar o projeto na próxima semana.
Além do acordo que "flexibilizou" o teto salarial de R$ 10,8 mil, o governo deve ceder em outros pontos para obter os votos necessários em sua própria base (PFL, PMDB, PSDB, PPB e PTB).
"Vão-se os anéis e ficam-se os dedos", disse o líder do PFL, Inocêncio Oliveira. O comando da reforma reúne-se terça-feira para fechar o "emendão". O comando é formado pelos líderes governistas e pelos ministros Sérgio Motta (Comunicações) e Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos).
Além de elaborar uma emenda com as modificações, o governo terá de convencer seus próprios aliados de que vai apoiar o acordo que pretende fazer. Os dissidentes temem votar o projeto do relator, Moreira Franco (PMDB-RJ), e depois não conseguirem os votos para as modificações negociadas.
A desconfiança foi um dos motivos da derrota do governo na tentativa de votar o projeto na sessão de anteontem. Apesar do acordo do teto, os deputados não acreditavam no empenho dos líderes em aprovar o texto acertado.
Alterações
Um dos artigos em negociação trata do dispositivo que permite a demissão do servidor estável por insuficiência de desempenho. Deputados querem que o item seja regulamentado por lei complementar e não por lei ordinária.
Inocêncio Oliveira quer a retirada do dispositivo conhecido por subteto -possibilidade de os governadores fixarem teto salarial para os juízes em seus Estados.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que o governo pode ceder em alguns pontos da reforma para garantir a aprovação do relatório de Moreira Franco.
"Se, para a aprovação dessa emenda, que contém modificações importantes que vão permitir uma significativa redução do déficit fiscal, for preciso negociar alguma flexibilização, uma pequena exceção no que diz respeito ao teto, e se isso o Congresso considerar necessário para a aprovação da emenda, poderá ser uma pequena concessão (...) para a obtenção de um conjunto de medidas que são fundamentais para o país", disse.
Segundo Amaral, o acordo tem "impacto financeiro limitado": "Se a negociação no Congresso levar de uma forma que não haja alternativa para esse desenlace, o presidente lamenta, mas considera que o ganho para o país será de qualquer forma muito grande".

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