São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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Prisão tem piscina e quadra de futsal

DÉCIO GALINA

DÉCIO GALINA; MARCOS PIVETTA
DO NP

MARCOS PIVETTA
Os PMs presos sob acusação de matar, torturar e formar quadrilha em Diadema têm à disposição quadra de futsal, miniquadra e campo de futebol no presídio Romão Gomes, no Tremembé (zona norte de São Paulo).
Único presídio militar do Estado, o Romão Gomes não tem muros, apenas cercas, e está situado numa área agradável, de muito verde, perto da serra da Cantareira. "Ele não tem piscina, mas dá até para passar férias ali", disse o promotor da Justiça Militar Fernando Nucci.
"É melhor do que o melhor dos presídios para presos civis que conheço. Todo presídio deveria ser igual ao Romão Gomes." Seu colega na Justiça Militar, o promotor Orion Pereira Costa tem uma opinião semelhante. "O presídio tem excelentes instalações quando comparado a uma cadeia comum", disse Costa.
Usado pela PM para manter policiais acusados de crimes, o presídio tem celas e alojamentos. As celas, ocupadas por 20% dos presos, têm, cada uma, quatro beliches e um banheiro. Elas medem cerca de 25 m2.
Os alojamentos, que abrigam 40% dos internos, são mais espaçosos, podem comportar até 15 pessoas e não têm grades nas portas de cada quarto. As grades só existem para separar os alojamentos entre si.
Outros 20% dos presos cumprem o regime semi-aberto. Os 20% restantes desfrutam do regime aberto.
Nas celas e nos alojamentos, há uma TV, trazida por algum condenado. Cada detento tem armário particular.
Entre os PMs condenados, a hierarquia militar continua sendo respeitada. Sempre que possível, oficiais não dividem alojamento com militares de baixa patente.
A lotação do presídio também não se assemelha à do sistema carcerário comum. Ontem, na Casa de Detenção, no Carandiru (zona norte de São Paulo), havia 6.322 detentos para 3.250 vagas. No 78º DP, nos Jardins, havia 68 presos mantidos em quatro celas planejadas para receber apenas 16.
No Romão, há lugares de sobra. Nos últimos 22 meses, a lotação não ultrapassou 250 presos, para 350 vagas.
Encontros íntimos
Na chamada ala da família, há, pelo menos, 18 quartos para encontros íntimos. Cada detento fica sozinho num quarto com a sua companheira.
Na Casa de Detenção, quando um interno recebe a autorização para um encontro desse tipo, ele não tem direito à privacidade.
Para estimular a ressocialização dos PMs, a direção do Romeu Gomes promove palestras com psicólogos e permite cultos religiosos.
A comida do presídio militar é preparada por policiais que não estão cumprindo pena. O cardápio inclui sempre carne ou frango e salada, para acompanhar o arroz e feijão. Há frutas como sobremesa.
O tenente-coronel Roberto Allegretti, 45 anos, comandante do presídio, come a mesma comida dos internos. Os banheiros usados pelos internos têm vasos sanitários no lugar dos tradicionais buracos existentes nos presídios.
"Não damos mordomias aos presos. A única coisa que fazemos é cumprir a lei de execução penal, de 1984", disse Allegretti. "Permitimos que os detentos tenham TV e aparelho de som portátil no quarto, mas não admitimos telefone celular", disse o coronel.
Allegretti afirmou que as boas condições do local desestimulam as fugas. "Não registramos nenhuma fuga nos últimos 22 meses", disse Allegretti.

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