São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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CNPq pode obter indenização de R$ 78 mi

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) obteve na Justiça norte-americana o direito de receber R$ 78 milhões de indenização de um ex-diretor do órgão e de empresários brasileiros que moram nos Estados Unidos, acusados de fraudes contra o órgão.
O conselho é o órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia responsável pelo financiamento de pesquisas científicas. A informação sobre a sentença foi dada ontem pelo procurador-chefe do CNPq, Airton Rocha Nóbrega.
Segundo ele, foram condenados a pagar a indenização o ex-diretor do CNPq Adrian Ricardo Levinson, três empresários brasileiros que moram nos EUA e um empresário que hoje vive em São Paulo.
Rocha disse que a fraude ocorreu entre abril de 89 e março de 90 em três importações autorizadas por Levinson para a compra de equipamentos e material de pesquisa.
O ex-diretor do CNPq Adrian Ricardo Levinson disse ontem que é inocente e não tem dinheiro nem bens para pagar a indenização.
"Eu sou um homem pobre e estou sendo perseguido por alguém que quer mostrar serviço", disse Levinson, que trabalha como consultor científico em São Paulo.
Ele afirmou que não conhece os empresários José Mário Ferreira Fontes, sua mulher Nadyr Cortese Fontes e seu filho José Mário Ferreira Fontes Filho, donos das empresas envolvidas nas fraudes.
A Folha não conseguiu localizar os empresários brasileiros em Maryland, onde moram, nem seus advogados, Samuel Bayley e Donald McClure. O quarto empresário, que mora em São Paulo, também não foi localizado.
Levinson disse que, se houve fraude nas importações, o principal envolvido é o físico Rogério Cezar Cerqueira Leite, responsável pelo pedido de aquisição do pó de quartzo. "Ele é quem conhecia os empresários", disse.
Cerqueira Leite, que é membro do Conselho Editorial da Folha, disse que o ex-diretor do CNPq está mentindo. "Foram eles os condenados em um processo em que eu apareço apenas como testemunha", disse.
O procurador-chefe do CNPq, Airton Rocha Nóbrega, confirmou que o físico foi citado só como testemunha em outra ação sobre o caso movida contra Levinson na Justiça Federal de Brasília.
A sentença que estabelece a indenização, dada no último dia 1º por um júri civil do Distrito de Columbia, em Washington, resultou de ação de recuperação de danos movida em outubro de 1993 para reaver US$ 18,8 milhões gastos com as importações irregulares.

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