São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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Médico diz ter perdido 90% dos clientes devido à falsa denúncia

DA REPORTAGEM LOCAL

A suspeita improcedente da polícia e a exposição à mídia fez o médico Mario Nazareno Teixeira de Oliveira perder 90% de sua clientela, em 1993, e só começar a recuperar sua atividade profissional três anos depois, em 1996 -já absolvido pela Justiça.
A Polícia Federal invadiu o consultório de Oliveira, em fevereiro de 93, em Santana (zona norte de São Paulo), e prendeu o médico português Francisco Carvalho Domingues, suspeito de exercício ilegal da medicina.
A PF indiciou, posteriormente, Oliveira, acusando-o de emprestar seu registro de médico no CRM (Conselho Regional de Medicina) ao médico português para que o estrangeiro pudesse exercer a profissão de médico no Brasil.
Na ocasião, a polícia chegou a informar que Oliveira também era português.
"Domingues era médico, havia se formado pela Universidade de Coimbra (Portugal). Eu o recebi em meu consultório para que ele fizesse apenas tratamentos de estética e não médicos, até que seu diploma fosse revalidado pela USP (Universidade de São Paulo) e ele adquirisse o CRM", disse Oliveira.
"No entanto, um dia recebi a notícia de que meu consultório havia sido invadido pela polícia e por uma televisão. Pouco depois, a Folha publicou uma matéria danosa, onde apareceu o meu nome como médico português suspeito, sendo que não sou português e nunca fui a Portugal", afirmou o médico.
Mario Nazareno Oliveira foi processado e absolvido. O médico português Francisco Carvalho Domingues foi condenado em primeira instância -a Justiça entendeu, inicialmente, que ele havia exercido ilegalmente a profissão-, mas foi absolvido em segunda instância.
Oliveira disse que esperou o processo contra ele ser concluído para, absolvido, poder se manifestar.
"Nesse período eu fiquei marcado. Cheguei a pensar em abandonar a medicina. Não conseguia mais convênios, tive de mudar de consultório e perdi cerca de 90% dos meus clientes e do faturamento do meu consultório, que, há três anos, era de cerca de US$ 25 mil por mês", disse ele.

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