São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Carandiru, Candelária, Diadema

ELEONORA DE LUCENA

São Paulo - A chacina ocorreu na véspera da eleição municipal de 92 e foi abafada durante horas. Depois de fechadas as urnas, apareceu a imagem dos corpos nus enfileirados. Virou tema de música de protesto.
Será que alguma coisa mudou desde a morte dos 111 presos do Carandiru?
Nove meses depois, oito meninos foram mortos na frente de igreja no Rio. No dia seguinte, amedrontados, os sobreviventes contaram a história que comoveu o país.
Será que alguma coisa mudou após o assassinato das crianças da Candelária?
Há quase um ano, aconteceu Eldorado do Carajás. Dessa vez, a barbárie foi filmada em parte. As imagens atabalhoadas mostraram paus, pedras, as armas dos policiais. Dezenove mortos. Novo choque, repercussão internacional.
Será que alguma coisa mudou depois de Eldorado do Carajás?
Agora é a brutalidade de Diadema. Um morto e pelo menos cinco espancados. Tudo documentado e apresentado no horário nobre da TV. Cassetetes, pancadaria, tiros e sorriso nos rostos dos policiais.
Como nas vezes anteriores, as investigações começam confusas. Os chefes dos chefes afirmam nada saber. Tudo é surpresa. Tudo é apresentado como exceção, como uma aberração.
O caso de Diadema tem alguns detalhes intrigantes. O governador e o secretário da Segurança só souberam dos fatos quando eles foram mostrados na TV. Os dois foram enganados pela PM sobre a prisão dos acusados. Parecem ter perdido o controle da situação.
Será que algo vai mudar depois de Diadema?
Anteontem um novo caso de violência policial foi denunciado. Aconteceu em Dianópolis (TO). PMs teriam assassinado pai e filho em vingança.
Ontem, novo caso de abuso policial apontado. Dessa vez em Mairiporã, na Grande São Paulo.
Hoje...

Texto Anterior: GAFES EM PORTUNHOL
Próximo Texto: Covas e seus remédios
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.