São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
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Depoimento põe ex-gerentes sob suspeita

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O depoimento do ex-presidente do Telos (fundo de pensão da Embratel) Olival Mantovanele Netto levou a CPI a dois ex-gerentes da entidade suspeitos de integrar o esquema dos títulos públicos.
O ex-gerente de renda variável Paulo Cezar Ferracinni está sendo investigado pela Polícia Federal por enriquecimento ilícito.
Sua atuação na Telos também sofre auditoria da Trevisan & Associados, encomendada pela Embratel. A auditoria também investiga o ex-gerente de renda fixa Heitor de Barros. Até o fechamento desta edição a Folha não conseguiu contatar nenhum dos dois.
"Tanto o Ferracinni quanto o Heitor são muito ricos", disse o ex-presidente da Telos.
Segundo ele, Ferracinni se deslocava pelo Rio de Janeiro de helicóptero, e Barros é proprietário de um barco, o Maktub, com o qual estaria dando a volta ao mundo.
O relator Roberto Requião disse ter a informação de que Barros é cunhado do proprietário da distribuidora Dimarco. Ferracinni também frequentaria a casa do dono da Dimarco. Requião não revelou o nome do dono da empresa.
O presidente da Serpros, o fundo de pensão do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados), José Luiz Pingarilho Neto, também citou a Dimarco.
Segundo ele, a empresa ofereceu títulos de Santa Catarina e Pernambuco. Juntas, essas operações fabricaram lucro de R$ 1,46 milhão para integrantes do esquema, como a Perfil e a IBF Factoring.
A CPI encontrou muitas semelhanças entre as cadeias de compra e venda de títulos -o que levou a se especular sobre uma coordenação única das negociatas.
A maior parte das operações com os quatro maiores fundos ocorreram entre 24 de outubro e 1º de novembro de 96.
Na maior parte dos casos, antes de comprar os papéis, os fundos de pensão fizeram mudanças na estratégia de investimento.
Não compravam títulos públicos e passaram a comprar sob a alegação de que, com a queda de juros e com a CPMF deveriam procurar investimentos mais rentáveis.
O ex-presidente da Telos disse que as operações que geraram lucro de R$ 3,511 milhões para o esquema foram levadas à direção da entidade por Barros.

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