São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
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"Haverá linchamento, não julgamento"

DA SUCURSAL DO RIO

Advogado com um currículo que inclui a absolvição do general Newton Cruz no caso Baumgarten e da cantora Dorinha Duval do assassinato do marido, Clóvis Sahione afirma que, se fosse defender os PMs de Diadema, tentaria conseguir que eles fossem acusados apenas pelo crime de lesão corporal.
Segundo Sahione, o policial Otávio Gambra, o Rambo, merece apenas a acusação de homicídio culposo. "Se ele tivesse intenção de matar o rapaz, teria feito isso na rua. E ele tem que ser acusado sozinho, porque os outros não deram a arma a ele", afirma Sahione.
Segundo o advogado, sua linha de defesa teria três pressupostos: a preservação da dignidade das vítimas, a indenização para as famílias e a impossibilidade de que os policiais respondam ao processo em liberdade.
Sahione disse que os policiais militares têm que ser retirados de Diadema e defendeu a solicitação de atestados de sanidade mental deles. Disse também que é preciso conhecer a vida pregressa de cada um na polícia.
"Em Diadema haverá linchamento, não julgamento. E estes policiais podem ser sido heróis em outros casos, ou seja, é preciso analisar a vida deles por completo", afirmou.
Sahione disse que tentaria retirar a acusação de que os policiais cometeram torturas e prevaricação -crime cometido por funcionários públicos quando deixam de cumprir um ato de ofício, para satisfazer interesse pessoal.
Para o advogado, o crime de tortura só se caracteriza quando há um objetivo de conquista.
Sua estratégia para combater a acusação de prevaricação seria argumentar que os policiais não deixaram de praticar os atos de sua obrigação.
As extorsões denunciadas pelas vítimas, segundo Sahione, poderiam ser descaracterizadas como tais, caso se provasse que as vítimas deram o dinheiro aos policiais em pagamento a alguma dívida.
"Poderíamos apenas reconhecer um abuso de autoridade, um crime que desaparece diante das acusações de lesão corporal e homicídio. É preciso pensar friamente para defender casos desse tipo, sem ser influenciado pela força das imagens", afirma o advogado.

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