São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
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Força militar deve intervir na Albânia a partir de 14 de abril

Oposição ao envio de tropas italianas continua

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Ministério das Relações Exteriores da Itália informou ontem que a força multinacional para a Albânia deve desembarcar no país na semana do dia 14 de abril.
O anúncio foi feito apesar de a Refundação Comunista, da coalizão governista, ter reafirmado ser contrária ao envio da força.
O comunicado da data do envio foi feito após reunião de diplomatas dos países que estudam contribuir com contingentes militares para a força -Itália, França, Grécia, Turquia, Espanha, Romênia, Áustria e Dinamarca.
"As tropas vão desembarcar na Albânia na semana do dia 14 de abril junto com a material de ajuda humanitária", disse comunicado.
A força, aprovada pelas Nações Unidas, tem como missão proteger portos e rotas de transporte para garantir a entrega da ajuda humanitária no país balcânico, o mais pobre da Europa.
Beniamino Andreatta, ministro da Defesa da Itália, porém, disse que as tropas teriam de permanecer no país para garantir as eleições previstas para junho.
Os distúrbios na Albânia começaram quando instituições financeiras que ofereciam esquemas de investimento conhecidos como "pirâmides" faliram, e milhares ficaram na miséria.
Revoltados e acusando o presidente Sali Berisha de conivência com os esquemas, os albaneses pegaram em armas e tomaram o controle de diversas cidades do país.
Eles exigem a renúncia de Berisha. O presidente, tentando contornar a crise, formou um governo de coalizão e antecipou as eleições gerais para junho.
Oposição italiana
A Itália, a maior patrocinadora da força multinacional de intervenção, é a principal interessada em solucionar a crise albanesa. As autoridades italianas não conseguem deter um fluxo constante de refugiados. Mais de 13 mil albaneses já foram para a Itália desde o início dos distúrbios em seu país.
Complicações surgiram, porém, quando uma fragata italiana se chocou com um barco de refugiados albaneses afundando-o. Ao menos 80 albaneses morreram no acidente. A maioria dos 34 sobreviventes disse que o barco italiano provocou intencionalmente o choque entre as embarcações.
Ontem, Fausto Bertinotti, líder da Refundação Comunista, reafirmou sua oposição à participação italiana na força multinacional. Parte do meio político da Itália teme que os albaneses ataquem os soldados italianos como represália pelo acidente com os refugiados.
"Nossa oposição à intervenção militar na Albânia continua", afirmou o líder comunista.
O Parlamento do país deve deliberar nas quarta e quinta próximas sobre o envio da força. Está previsto que a Itália comande as tropas.
O ministro da Defesa da Albânia, Shaqir Vukaj, se reuniu ontem com líderes rebeldes em Vlorë (cidade portuária tomada do governo) para tentar acalmar o sentimento antiitaliano em seu país.
Ele disse que levava as condolências dos premiês italiano, Romano Prodi, e albanês, Bashkim Fino.

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