São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
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Duma mantém domínio russo sobre obras tomadas na guerra

Deputados derrubam veto de Ieltsin e contrariam a Alemanha

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os deputados russos contrariaram o presidente Boris Ieltsin e seu interesse em manter boas relações com a Alemanha e decidiram não devolver obras de arte conquistadas dos nazistas na década de 40.
A Duma (câmara baixa) derrubou veto de Ieltsin à lei que mantinha as obras sob guarda russa.
Alexander Kotenkov, líder do presidente na Duma, disse que a decisão é "absurda". O governo deve ir à Corte Constitucional para tentar manter o veto à lei.
O butim conquistado, dos inimigos alemães, pelas então tropas soviéticas na Segunda Guerra inclui obras de arte valiosíssimas.
Uma das coleções mais importantes é o "tesouro de Tróia", obras daquela cidade da antiguidade descobertas no século 19 por Heinrich Schilemann. Hoje, as peças estão expostas na Galeria Púchkin, em Moscou. Há também obras de impressionistas franceses e documentos raros.
Para derrubar o veto, a oposição, liderada pelos neocomunistas, precisava de 300 votos. Obteve 308, com 15 a favor de Ieltsin.
Agora, a moção vai para o Conselho da Federação (Senado), onde também são necessários dois terços dos votos.
Se Ieltsin conseguir manter seu veto à lei, a Rússia devolverá peças também à França, Polônia, Hungria, Holanda e Luxemburgo -países que tiveram objetos roubados pelos nazistas (derrotados pelos soviéticos).
Ieltsin argumentou, em seu veto, que a lei proposta pelo Parlamento fere o direito internacional e atrapalharia as relações com os países.
A Alemanha, principal interessada no assunto, é a mais próxima aliada da Rússia no âmbito da Otan (aliança militar ocidental).
Ieltsin vê no chanceler alemão, Helmut Kohl, seu amigo, uma possibilidade de negociar uma boa saída para a expansão da organização rumo ao Leste Europeu, principal preocupação atual de Ieltsin no campo da política externa.
Mudanças no governo Ieltsin demitiu ontem Dmitri Riurikov do cargo de assessor para assuntos internacionais e recebeu o pedido de saída de Piotr Rodionov da chefia do Ministério do Combustível e Energia.
Rodionov era responsável por uma função estrategicamente importante na Rússia, e, segundo a agência de notícias "Itar-Tass", ele vai assumir um cargo em uma empresa particular. Ainda não há substituto apontado.
Já Riurikov foi demitido, segundo um comunicado, para "assumir outro cargo". Serguei Iastrjembski, porta-voz de Ieltsin, deve passar a coordenar a política externa da Presidência russa.

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