São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997
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Operações do Bradesco deram lucro a IBF

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A IBF Factoring foi a empresa que mais lucrou nas operações de compra e venda dos títulos públicos que terminaram nos fundos de investimento do banco Bradesco. Ela lucrou R$ 40,922 milhões nas operações.
Segundo a CPI dos Precatórios, a IBF aparece em todas as cadeias de compra e venda que precedem a operação final com o Bradesco atuando em conjunto com a Split. Elas atuam sempre de forma casada, uma vendendo para a outra.
No seu depoimento à CPI, o dono da IBF Factoring, Ibraim Borges Filho, disse que sempre agiu sob a orientação do proprietário da Split, Enrico Picciotto.A Split e a IBF são duas das instituições mais envolvidas no esquema de operações irregulares com títulos públicos que está sob investigação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Senado.
Borges Filho é o maior "laranja" (dono de empresa de fachada) encontrado pelos senadores no rastreamento de operações com títulos municipais e estaduais.
A Split foi liquidada pelo Banco Central, e a IBF foi fechada após investigação da Polícia Federal.
O lucro total proporcionado pelo Bradesco às empresas que intermediaram a compra desses papéis pelo banco foi de R$ 50,378 milhões, segundo os levantamentos feitos pelos senadores.
Em todo o esquema dos precatórios, a IBF Factoring lucrou R$ 123 milhões, de acordo com as investigações da Polícia Federal.
Segundo Borges Filho, a IBF ficou com cerca de R$ 80 mil dos R$ 123 milhões lucrados em todas as operações irregulares. O resto do dinheiro saiu da IBF por meio de cheques, que estão sendo rastreados pela equipe de técnicos da CPI.
Borges Filho disse que os cheques eram assinados dentro da Split, o que também foi confirmado pela CPI a partir de exames de grafia mecânica (os cheques eram preenchidos em uma máquina datilográfica da Split).
O proprietário da Split negou todas as acusações feitas por Borges Filho, mas os ex-funcionários da sua empresa que depuseram na Polícia Federal, em São Paulo, desmentiram a defesa de Picciotto.
Segundo os depoimentos, o dono da IBF pagava para que eles pegassem os cheques da empresa no Banco Dimensão, em São Paulo.
Borges Filho apenas assinava os cheques na sede da IBF e remetia os talões para a Split, onde os valores seriam preenchidos (ainda de acordo com o depoimento dos ex-funcionários da distribuidora).

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