São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997
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'Se soubéssemos, não haveria encrenca'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão, disse que o banco tem como filosofia há 15 anos comprar títulos públicos no mercado secundário.
"Como filosofia, não participamos da estruturação de lançamentos de títulos públicos estaduais e municipais", disse Brandão.
Segundo o vice-presidente-executivo do banco, Ageo Silva, houve apenas uma exceção em 1993, quando o Bradesco participou de um leilão primário da Prefeitura de São Paulo.
Lázaro Brandão e Ageo Silva afirmaram aos senadores que não tinham conhecimento da "cadeia da felicidade" montada por corretoras e distribuidoras para obter lucros elevados com a venda de títulos estaduais e municipais.
"Se soubéssemos dessa cadeia, não estaríamos nessa encrenca", disse Lázaro Brandão. "Evidentemente, se tivéssemos conhecimento da cadeia, não compraríamos os títulos", disse Ageo Silva.
Os senadores afirmam não entender o que levou o Bradesco a comprar os títulos com baixo deságio, depois de percorrida a cadeia de intermediários, em vez de comprá-los diretamente do emissor, no leilão primário, com taxas de juros mais favoráveis.
Ageo Silva afirmou também que, no lançamento, não há possibilidade de uma análise segura do desempenho do papel. "Quando entramos no primário (leilão feito por Estados e municípios), estamos com a possibilidade de comprar bem ou mal", disse Silva.
Ele disse que, depois que está no mercado secundário, o papel se torna mais bem conhecido e é mais fácil saber sua rentabilidade. "No mercado secundário há mais transparência", disse Brandão.
Em seu depoimento, Lázaro Brandão propôs que os leilões de títulos estaduais sejam feitos eletronicamente, como ocorre com os títulos federais. Segundo ele, isso aperfeiçoaria o sistema de venda de títulos públicos.
Com relação à Paper ser a principal vendedora de títulos para o Bradesco, Brandão disse que foi a distribuidora que ofereceu os papéis à instituição. O vice-presidente-executivo disse também, sobre a Paper, que "examinamos as condições de rentabilidade dos papéis e fechamos a operação. Para nós, foi uma operação legítima".

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