São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997 |
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Requião quer auditoria do BC e PF no banco
FERNANDO GODINHO; ALEX RIBEIRO
Esses papéis foram comprados no mercado secundário -após passarem por diversas empresas intermediárias- e custaram R$ 50,378 milhões acima do valor oferecido pelo emissor no leilão inicial de venda. A proposta de Requião será submetida à aprovação da comissão, que tomou ontem o depoimento do presidente do Bradesco, Lázaro Brandão, e do vice-presidente-executivo, Ageo Silva. A CPI identificou ontem uma possível conexão entre o Bradesco -a maior instituição financeira privada do país e da América Latina- e uma das empresas envolvidas nas operações irregulares de compra e venda de títulos públicos. Paper Trata-se da distribuidora Paper, que aparece como vendedora final de quase todos os lotes de títulos públicos estaduais e municipais adquiridos pelo Bradesco entre 1995 e 1996 (período sob investigação da CPI). Ao prestarem depoimento de cerca de cinco horas à CPI, Lázaro Brandão e Ageo Silva confirmaram que a Paper foi criada por Edson Ferreira, ex-funcionário do banco. "O fato de Ferreira ser ex-funcionário do Bradesco não tem nenhuma importância", argumentou Brandão. "O Bradesco participa do esquema por meio da Paper", afirmou Requião, em entrevista aos jornalistas. Lucro Brandão e Silva concordaram que a Paper foi a principal vendedora dos títulos que estão sob investigação da CPI, mas ressaltaram que o Bradesco tem inúmeras operações com outras corretoras e distribuidoras. A Paper lucrou R$ 431,11 mil nas vendas de títulos para o Bradesco, que por sua vez proporcionou um lucro de R$ 50,378 milhões à cadeia de corretoras e distribuidoras que intermediaram a compra dos títulos entre o banco e os Estados e municípios emitentes. Brandão e Silva explicaram que há 15 anos o Bradesco não compra títulos públicos no leilão primário -com exceção de uma operação com a Prefeitura de São Paulo, em 1993- porque prefere adquirir os papéis após verificar a tramitação deles no mercado secundário. Perfil Segundo o senador Roberto Requião, o Bradesco comprou 15% dos cerca de R$ 3,6 bilhões em títulos emitidos por Estados e municípios para pagar precatórios -e que estão sob investigação da CPI. Os principais executivos do banco não contestaram essa informação. Eles disseram que os fundos de investimento do Bradesco podem ter até 10% do seu patrimônio em títulos municipais e até 20% em títulos estaduais. Requião considerou "estranha" a preferência do Bradesco pelos títulos emitidos para pagamento de precatórios, mas Brandão e Silva não fizeram nenhuma observação às considerações do relator. "Esperava um depoimento mais responsável, que indicasse os procedimentos que o banco está tomando para corrigir esses erros. Lamentavelmente, o depoimento foi tão cínico quanto todos os outros", afirmou Requião. (FERNANDO GODINHO E ALEX RIBEIRO) Texto Anterior: 'Se soubéssemos, não haveria encrenca' Próximo Texto: Diretor da Paper diz que só fala na CPI Índice |
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