São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997
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Costa-riquenha explica em SP combate à pobreza em seu país

DA REPORTAGEM LOCAL

Frequentadores de motéis e consumidores de produtos de lojas "free shop" podem ser parceiros no combate à pobreza. É o que acontece na Costa Rica, país com 3,5 milhões de habitantes onde 21% das famílias estão abaixo da linha de pobreza.
A informação foi dada à Folha pela presidente-executiva do Instituto Misto de Ajuda Social (Imas), Rose Marie Ruiz Bravo, que participou ontem de manhã do seminário "Estratégias para o alívio e a redução da pobreza", no hotel Transamérica, em São Paulo.
Organizado pela Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe) e pela ONU (Organização das Nações Unidas), o seminário também teve a participação da presidente do Conselho Comunidade Solidária, Ruth Cardoso, primeira-dama brasileira.
"Quando um casal vai a um motel, 30% do que paga é destinado ao Imas. É a comercialização do amor ajudando na erradicação da pobreza", explicou Ruiz Bravo após o seminário.
Ruiz Bravo contou também que os "free shops" localizadas em aeroportos do país são administradas pelo Instituto Misto de Ajuda Social; o lucro obtido é gasto em programas de combate à pobreza.
Além disso, toda empresa privada do país repassa ao Imas o equivalente a 0,5% da folha de pagamento de funcionários. Segundo Ruiz Bravo, o instituto tem um orçamento anual de cerca de US$ 75 milhões. O Imas também interfere na destinação de todos os recursos governamentais aplicados na área social.
Há 25 anos, o Imas é a instituição responsável pela definição e implementação dos programas de redução da miséria na Costa Rica.
Em sua exposição, Ruth Cardoso fez um resumo das atividades do Comunidade Solidária, iniciadas há dois anos.
Ao contrário do Imas, o Comunidade Solidária não tem um orçamento próprio. Orienta a aplicação dos recursos disponíveis nos ministérios da área social e faz parcerias com a iniciativa privada.
No que diz respeito à estratégia de atuação, há vários pontos em comum com o trabalho desenvolvido pelo Imas.
Ambos os programas buscam articular as ações dos diversos órgãos governamentais ligados à área social. Também procura-se uma integração entre os três níveis de governo (federal, estadual e municipal).
Finalmente, tanto na Costa Rica quanto no Brasil, busca-se desenvolver programas focalizados, desenhados para atender às necessidades específicas de comunidades extremamente carentes.
"Já fomos acusados de elaborar uma 'lista de Schindler', beneficiando alguns municípios e excluindo outros", disse a primeira-dama. "Mas nosso programa ganhará escala a partir da pequena escala", explicou Ruth Cardoso.
Segundo dados da Cepal de 1993, 41% dos lares brasileiros estava abaixo da linha de pobreza. A instituição ainda não dispõe de dados conclusivos, mas acredita-se que esse percentual tenha diminuído com a estabilização econômica.

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