São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997
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Comando interino e subcomando sabiam da fita

DA REPORTAGEM LOCAL

O subcomandante-geral da PM e o comando interino do CPM (Comando de Policiamento Metropolitano) sabiam da existência da fita com as imagens da violência em Diadema (Grande São Paulo).
Eles foram informados no dia 26 de março sobre a existência da gravação em que dez PMs apareciam matando e espancando na favela Naval. Só não assistiram à fita.
Quem possibilitou que as informações chegassem pelo menos nesse ponto da estrutura hierárquica da PM foi o coronel Luís Antônio Rodrigues, então chefe do policiamento do ABCD.
Rodrigues foi avisado no dia 25 pelo tenente-coronel Édson Pimenta Bueno, comandante do 8º Batalhão da PM, sobre a existência da fita. Pimenta levou a fita para Rodrigues assisti-la.
Ao ver as imagens, o comandante do ABCD mandou deter os dez policiais militares identificados no vídeo, chamou um promotor e convocou o comandante do 24º Batalhão, tenente-coronel Pedro Pereira Matheus, chefe imediato dos agressores.
Em seguida, Rodrigues ligou para o CPM (Comando de Policiamento Metropolitano). Como o chefe interino do CPM, o coronel Coji Yanaguita, não estava, ele conversou com o chefe do Estado-Maior do comando, coronel Leuces André Pires de Moraes.
Rodrigues comunicou a existência da fita e descreveu as imagens. Leuces, como é conhecido, estava havia dois dias na chefia do Estado-Maior. Ele pediu a Rodrigues que avisasse a corregedoria.
Rodrigues desligou e telefonou para o coronel Paulo Miranda de Castro, então chefe da Corregedoria da PM. Relatou o caso mais uma vez. Castro pediu-lhe a fita, e Rodrigues disse que ela estava com o tenente-coronel Matheus.
Após comunicar aos seus superiores imediatos, Rodrigues saiu de cena. A Folha apurou que, após conversar com Rodrigues, Leuces avisou o coronel Coji Yanaguita.
Yanaguita estava acumulando as chefias do CPM e do policiamento da zona sul de São Paulo. Não recebeu o telefonema de Rodrigues porque estava organizando o policiamento em Interlagos, para o Grande Prêmio de Formula 1.
Após ser avisado, Yanaguita levou tudo ao conhecimento do subcomandante-geral da PM, coronel Carlos Alberto da Costa. Costa até hoje não negou que soubesse da existência da fita. Quem negou por ele foi o comandante-geral da PM, coronel Claudionor Lisboa.
A sala de Costa fica a cerca de 15 metros da sala de Lisboa. Os dois são amigos. Lisboa ainda teria tido outra oportunidade para saber da existência da fita: uma reunião com o chefe da Corregedoria da PM na manhã de 31 de março.
Após passar o fim-de-semana apurando, o chefe da Corregedoria teria feito um relato do caso a Lisboa, que diz só ter tomado conhecimento da fita na noite de 31, ao ser avisado pela Rede Globo.
Diz também que, por isso, Rodrigues e Castro foram afastados de seus cargos. Lisboa e Costa foram mantidos no comando e subcomando da corporação.

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