São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997
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Tutsis fecham cerco sobre 2ª maior cidade

Negociações de paz continuam

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os rebeldes tutsis do Zaire chegaram ontem a 15 km de Lubumbashi (sul), a segunda maior cidade do país.
Ocorreram combates nas proximidades da cidade. As enfraquecidas forças governistas, porém, não devem resistir à pressão rebelde.
Pela manhã, um comunicado divulgado por rádio anunciava a rendição do Exército. Alguns soldados em Lubumbashi (a capital da Província mineradora de Shaba, um dos pilares da economia zairense) anunciaram que estavam aderindo aos rebeldes.
Mais tarde, porém, o Ministério da Defesa do Zaire anunciou a prisão de soldados que divulgaram o comunicado e afirmou que as tropas governistas resistiriam.
A 30 km dali, os rebeldes conquistaram Kipushi, cidade da fronteira com Uganda, e anunciaram a queda de Lubumbashi.
Em meio ao avanço, representantes do governo do presidente Mobutu Sese Seko e do líder rebelde Laurent Kabila se reuniram pelo segunda dia consecutivo em local secreto na África do Sul.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores sul-africano disse não saber se as negociações continuariam hoje ou qual o conteúdo das conversações.
A guerra civil no Zaire, iniciada há seis meses, deu a Kabila até agora o controle de mais de 30% do país, incluindo aí as cidades de Kisangani (a terceira maior) e de Mbuji-Mayi (capital da região diamantífera, outra das bases da economia zairense).
Ontem, Kabila foi recebido com festa em Mbuji-Mayi. A população vem saudando Kabila nas cidades tomadas do governo.
O líder rebelde voltou a afirmar que suas forças vão tomar a capital do país, Kinshasa, até o final de junho.
Conflitos na capital
A queda das principais fontes de renda do país centro-africano parece não abater o ânimo na luta pelo governo oficial do Zaire.
Ontem, em Kinshasa, protestos em apoio ao premiê Etienne Tshisekedi conseguiram impedir que o Parlamento aprovasse a sua destituição.
Tshisekedi, da oposição, foi escolhido em substituição ao governista Kengo Wa Dondo, destituído pelos deputados. O premiê, porém, desagradou a todos ao decidir unilateralmente pela dissolução do Parlamento.
Os manifestantes enfrentaram a polícia nas ruas da capital e conseguiram impedir que os deputados chegassem à sede do Legislativo.
Refugiados
Apesar da guerra civil, nos últimos tempos, a maioria dos mortos no Zaire não são membros das milícias rivais, mas sim, refugiados.
Cerca de 100 mil hutus, etnia rival aos tutsis, continuam no país. A ONU disse que ao menos 120 deles morrem por dia devido à falta de comida e remédios.
Aviões da organização levaram ontem 55 toneladas de alimentos para Kisangani, ao redor da qual se aglomeram 80 mil refugiados.

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