São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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Brasil importou 10 vezes mais pescado que exportou em 1996

Volume das importações representa 40% da produção do país

DA REPORTAGEM LOCAL

O mar não está para peixe para a indústria pesqueira no Brasil. A produção de pescado vem caindo e o volume de importação foi mais de dez vezes superior ao de exportação no ano passado.
O Brasil importou 289,3 mil t de pescado (peixes e crustáceos) e exportou apenas 21,3 mil t em 96, segundo a Secretaria de Comércio Exterior.
Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), a produção nacional de pescado é de cerca de 700 mil t anuais.
Desde 94, o Brasil apresenta déficit no comércio do pescado.
O presidente do Conepe-Fapesq (entidade que reúne associações e sindicatos dos produtores do setor pesqueiro), Giacomo Perciavalle, diz que há dois motivos para a crise pesqueira: o aumento em dólar de cerca de 70% do custo dos insumos e a queda cambial.
"O preço do óleo para pesca no Brasil custa em média US$ 360 a tonelada, o mais caro do mundo. O preço médio internacional gira em torno de R$ 260 a tonelada", afirma Perciavalle.
Além disso, há o sucateamento da frota, apontado como um dos principais entraves para exploração da pesca em águas profundas a 100 milhas da costa.
O barco mal conservado consome mais óleo diesel, que por sua vez é o mais caro do mundo. "Não há como competir com os países do Mercosul, como Chile e Argentina, onde o óleo é subsidiado."
Para atenuar a pior crise da história do setor, o governo federal promulgou, em março, uma lei que torna o óleo para pesca isento de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que varia de 17% a 24%, dependendo do Estado.
A lei também prevê uma subvenção federal para que o preço do óleo fique na média internacional.
O secretário-executivo do Gespe (Grupo Executivo do Setor Pesqueiro, ligado à Casa Civil), Almirante Araripe Macedo, credita à globalização da economia a atual crise do setor.
"Na globalização, alguns países ganham, outros perdem e outros tentam se adequar à nova situação. É o que estamos tentando fazer."

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