São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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Líderes temem rejeição da emenda e adiam votação

PAULO SILVA PINTO
AUGUSTO GAZIR

PAULO SILVA PINTO; AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para deputado tucano, acordo desmoraliza o projeto

Apesar do acordo que vai permitir a ocupantes de cargos eletivos no Executivo e Legislativo ultrapassar o teto salarial de R$ 10,8 mil imposto aos demais servidores públicos, a aprovação da reforma administrativa permanece incerta na Câmara.
A votação, inicialmente marcada para ontem, foi adiada para hoje. É a segunda vez que a base governista muda a data de votação por não ter segurança quanto ao número de votos favoráveis à emenda.
"Ninguém sabe quantos votos esse acordo (sobre o teto) vai agregar. Isso é um chute. Há uma separação entre os formuladores da emenda e a base no plenário", disse Arnaldo Madeira (PSDB-SP), vice-presidente do partido.
Madeira afirmou que deputados tucanos têm manifestado insatisfação com o acordo que, para eles, desmoraliza a reforma. A dúvida atingiu até o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). "Os líderes vão trabalhar até amanhã. Acho que dá para passar. Se não der, paciência."
Ontem de manhã, o presidente Fernando Henrique Cardoso deu seu aval ao acordo formulado pelos líderes governistas na véspera.
A Folha apurou que FHC se comprometeu, na reunião da manhã, a dividir com os líderes o desgaste político devido ao acordo.
A nova emenda prevê teto de remuneração de R$ 10,8 mil para todos os servidores, menos os ocupantes de cargos eletivos (Legislativo ou Executivo), cargos em comissão e ministros de Estado. Eles poderão acumular uma aposentadoria até o valor do teto.
Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e demais integrantes do Poder Judiciário não foram contemplados pelo acordo.
"Que vai pegar mal, vai. Não deixa de ser a manutenção de um privilégio. No entanto, sem o acordo não aprovamos", disse o líder Inocêncio Oliveira (PFL-PE).
Durante o dia, nenhum dos líderes quis assumir a paternidade da proposta. Segundo apurou a Folha, a idéia partiu do líder do governo Benito Gama (PFL-BA).
As maiores resistências à aprovação da reforma estão no PPB. "A reforma ainda não foi aprovada por causa da gente", afirmou Gerson Peres (PPB-PA). Peres quer que o servidor se aposente com todas as vantagens que tinha na ativa. O governo está acordando um destaque com o PPB. O Planalto estima que poderia ter hoje no plenário de 314 a 340 votos.

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