São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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Reforma aumenta salário de parlamentar

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A reforma administrativa poderá representar um aumento de 35% na remuneração de deputados e senadores. O texto que o plenário da Câmara votará hoje abre uma brecha para que os parlamentares não tenham de esperar até o início da próxima legislatura (fevereiro de 1999) para aumentar os salários.
O diretor-geral da Câmara, Adhelmar Sabino, disse que o aumento será automático tão logo a votação da reforma seja concluída na Câmara e no Senado.
A expectativa de líderes da bases governista é que os salários passarão dos atuais R$ 8 mil para R$ 10,8 mil -equivalentes ao vencimento máximo de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal). Por mês, o aumento custará, pelo menos, R$ 1,6 milhão.
"O salário vai para o valor do teto na hora em que a reforma for promulgada", disse ontem o líder do PMDB, deputado Geddel Vieira Lima (BA). "O salário do deputado vai para o teto", confirmou o líder do PSDB, Aécio Neves (MG).
Segundo o relator da reforma, deputado Moreira Franco (PMBD-RJ), a emenda constitucional permite o aumento, cujo valor terá de ser definido por lei. Atualmente, a Constituição determina que o salário dos deputados e senadores seja fixado ao final de cada legislatura para os parlamentares que assumirem mandatos na legislatura seguinte. Fora disso, a remuneração acompanha os reajustes salariais do funcionalismo público, congelados desde 95.
Diante da insatisfação dos deputados, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), elevou de R$ 10 mil para R$ 20 mil a verba de gabinete, enquanto estava impedido de levar adiante o reajuste salarial. Ontem, Temer disse que "não estava sabendo" do reajuste.
100 milhões
Embora extensivo aos 584 parlamentares, o reajuste terá impacto menor do que outra concessão no texto da reforma avalizada ontem por Fernando Henrique Cardoso.
Segundo o ministro do Planejamento, Antônio Kandir, a possibilidade de titulares de mandatos eletivos e ocupantes de cargos de caráter transitório extrapolarem o teto de R$ 10,8 mil representará redução de R$ 100 milhões na economia projetada com a reforma.
"A perda do ponto de vista fiscal não é tão absurda nem assustadora", diz Franco. O impacto da reforma é estimado pelo governo em R$ 6 bilhões por ano, especialmente por conta da demissão de funcionários estaduais e municipais.
A proposta foi negociada pelo ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) e endossada pelo líder do governo, Benito Gama, e pelos líderes de todos os partidos aliados ao Planalto. Reunido com os líderes ontem pela manhã, FHC avaliou que a negociação poderia desgastar o governo. Mas resolveu autorizar a mudança na reforma por considerá-la "ética".

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