São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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Secretário admite falhas em oficiais da PM

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário estadual da Segurança Pública de São Paulo, José Afonso da Silva, admitiu ontem, durante depoimento à CPI que apura os crimes cometidos pela PM de Diadema, que há falhas no comando intermediário da Polícia Militar paulista.
Segundo ele, são falhas cometidas por tenentes e capitães. "Principalmente de oficiais que estão diretamente ligados ao policiamento de rua", disse, sem dar outros detalhes, e acrescentando que o governo do Estado está estudando mudanças estruturais na PM.
Silva depôs por quatro horas na Assembléia Legislativa, ontem de manhã.
Disse que só foi informado da fita com as imagens da violência no dia da exibição pela TV Globo e que o governo está tomando as medidas necessárias para que os fatos não se repitam.
Controle
Ele negou que a PM seja "incomandável", como afirmaram à Folha três ex-secretários estaduais da Segurança Pública. "Esses fatos de violência não são novos, sempre ocorreram, mas não indica um descontrole da situação atual."
O deputado Elói Pietá (PT), membro da CPI, criticou o regimento interno da PM, segundo o qual um policial pode ser punido, até com pena de prisão administrativa de um dia, por não estar trajando seu uniforme completo, mas dificilmente por envolvimento em agressões a civis.
O secretário concorda que há muitas "punições absurdas" previstas nas normas internas e disse que já pediu para o ouvidor da polícia de São Paulo, Benedito Domingos Mariano, elaborar a minuta de um novo regimento.
"Estou convencido que uma das causas da violência policial é o tratamento recebido pelos PMs dentro da corporação, que, muitas vezes, submete um homem a humilhações", disse Silva.
Bico
A deputada Rosmary Corrêa (PMDB), vice-presidente da CPI, questionou a institucionalização do emprego extra, conhecido como bico, e afirmou que hoje o trabalho de PM se tornou "um bico para os funcionários das empresas de segurança". Silva concordou com a deputada, mas se limitou a falar que o fato requer um estudo mais aprofundado.
Ele afirmou também que é difícil comprovar que um oficial da PM é dono de uma empresa de segurança privada -o que é irregular. "Essas pessoas usam testas-de-ferro, geralmente parentes, para esconder os negócios", disse.

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