São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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Lisboa nega à CPI conhecimento de vídeo

DA REPORTAGEM LOCAL

O comandante-geral da Polícia Militar, Claudionor Lisboa, negou, mais uma vez, que soubesse da existência da fita que mostra a ação da PM na favela Naval, em Diadema (Grande São Paulo).
"Não tenho nenhum peso na consciência. De minha parte, não há parcela de culpa, não posso me penitenciar por algo que não sabia", declarou Lisboa, em depoimento ontem à CPI de Diadema.
Questionado pelo deputado Conte Lopes (PPB), capitão da reserva da PM, de que seria improvável que o comandante não soubesse da existência da fita, Lisboa disse que ficou sabendo da gravação apenas uma hora antes de sua exibição no Jornal Nacional, quando um repórter da rede Globo lhe pediu uma entrevista a respeito de uma fita de vídeo que mostrava violências cometidas pela polícia.
Lisboa disse que negou a entrevista por desconhecer o conteúdo da fita.
Segundo Lisboa, a fita teria chegado à PM no dia 25 de março, mas o conhecimento de sua existência teria parado na Corregedoria.
Em seu depoimento, Lisboa disse que a PM tem que administrar a "realidade". "Não podemos esperar que, de uma sociedade doente, saia uma polícia sadia."
Ao dizer que a PM nos últimos anos teria entrado numa nova fase, em que as promoções e premiações por bravura teriam sido abolidas, Lisboa provocou a ira do deputado Conte Lopes.
"Nosso problema é pessoal", disse o deputado referindo-se à sua relação com o comandante Lisboa. "Sou um dos poucos policiais que foram promovidos por bravura. A polícia hoje está acéfala, não tem comando."
Sempre calmo, sem se alterar, o comandante Lisboa afirmou que a Polícia Militar iria retirar as honrarias do deputado.
A sessão da CPI começou às 15h15 e, até as 19h30, ainda não havia terminado.
O coronel só começou a depor depois de meia hora do início dos trabalhos porque os deputados ficaram discutindo onde seria o depoimento de hoje dos policiais envolvidos no caso de Diadema.
Lisboa disse que a PM já tomou providências para melhorar sua imagem e atuação junto à população. Uma campanha interna para valorizar os policiais já teve início.

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