São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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Exposição "B.O.X.E.", no MIS, vê limite entre dor e prazer

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

O movimento, a expressão e os personagens do boxe estão registrados nas imagens da exposição "B.O.X.E.", de Ioram Finguerman, 24, que abre hoje, no Museu da Imagem e do Som.
Além da mostra de fotos, a exposição inclui um curta-metragem com imagens feitas por Finguerman em super-8 nas ruas e academias de boxe dos bairros negros de Nova York.
A mostra é a síntese de dois anos de trabalho de Finguerman sobre o tema. Nela, estão imagens de boxeadores feitas em São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York e Havana.
"O boxe é um esporte negro e acontece em ambientes fantásticos, com cenas fantásticas", disse.
Dessa forma, ele buscou trabalhar a parte gráfica do esporte. "Os boxeadores são em geral muito tranquilos fora do ringue. Alguns deles são muito amigos. Em compensação, na luta, eles viram leões e querem se matar", disse.
No total, são 40 fotos expostas que mostram o boxe de um ponto de vista bem diferente do enfoque dado nas lutas pela TV ou nas reportagens de jornal. "Queria tirar poesia de algo que é tão visceral. Os pugilistas têm algo de artistas, são poderosos e sensíveis."
Em São Paulo, Finguerman fotografou em lugares afastados, além de treinos no Ibirapuera, e no Rio, buscou na periferia seus personagens. "No Rio, existe um lugar genial, um Ciep (escolas públicas de período integral) em cima do morro da Tijuca, onde acontecem treinos de boxe", disse.
Em Havana foi quase impossível fotografar, segundo ele. "Os lutadores proibiam a imagem temendo que elas fossem usadas para descobrir a técnica que usam."
Segundo o fotógrafo, a realidade dos pugilistas americanos não se compara à dos pugilistas de outros países. Nos EUA, boxe é negócio. "Os lutadores ganham muito dinheiro. Não dá para comparar com a realidade de Cuba, por exemplo, que é um país caótico e que o boxe é mais pobre ainda."
As fotos da exposição "B.O.X.E." seguem uma linha de trabalho definida por Finguerman: "Trabalho coisas verdadeiras com intensidade. Busco as pessoas em estado de pureza, na sua concentração".

Exposição: B.O.X.E
Fotógrafo: Ioram Finguerman
Quando: abertura hoje, às 20h; às 20h30, projeção de curta-metragem; até 30 de abril, de ter a dom, das 14h às 22h
Onde: Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, tel. 011/852-9197)

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