São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997 |
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Presidente do Zaire declara emergência
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS O presidente do Zaire, Mobutu Sese Seko, declarou ontem estado de emergência no país, numa medida para tentar deter o avanço dos rebeldes tutsis.Em pronunciamento na TV, Mobutu disse que o estado de emergência vigente nas Províncias de Kivu Norte e de Kivu Sul se estenderia para todo o país. O presidente afirmou ainda ter nomeado cinco governadores militares para as Províncias não capturadas pelos rebeldes. O anúncio ocorreu horas depois de o Exército do país comunicar o rechaço de um ataque rebelde à segunda maior cidade do país, Lubumbashi. Combates ocorreram nos seus arredores. O fato é surpreendente, pois, até então, o empobrecido e desorganizado Exército zairense (suas tropas são acusadas de saquear cidades prestes a serem tomadas) não havia oferecido qualquer resistência ao avanço das tropas do líder Laurent Kabila. Nos últimos seis meses, desde o início da guerra, os rebeldes tutsis passaram a controlar mais de 30% do país (na sua porção leste). Entre as conquistas rebeldes estão Kisangani (a terceira maior cidade do Zaire) e Mbuji-Mayi (capital da região diamantífera). A resistência aos rebeldes é atribuída à Guarda Presidencial Especial de Mobutu, uma força de elite e a única parte do Exército que parece disposta a enfrentar os tutsis. O Ministério da Defesa em Kinshasa, a capital, informou que as tropas governistas também retomaram o controle de Kipushi, cidade da fronteira com a Zâmbia localizada a 30 km de Lubumbashi. A cidade, alvo dos últimos conflitos, estava calma ontem após a noite de combates. Sua população, porém, parecia aguardar ansiosamente pelo triunfo rebelde. "Nós esperamos toda a noite. Nós esperamos por Kabila", disse Tshitshi Kasongo, um estudante. Em Mbuji-Mayi, Kabila prometeu avançar até Kinshasa e derrubar Mobutu, no poder há 32 anos. O líder rebelde disse ainda que "elementos" de sua força estavam se aproximando da capital e já haviam alcançado Bandundu (a 270 km de Kinshasa, que fica a mais de 900 km de Mbuji-Mayi). Negociações Na África do Sul, foram suspensas as conversações entre representantes de Mobutu e de Kabila. A suspensão vai permitir que as partes consultem seus líderes. Das reuniões realizadas, porém, foi obtido acordo sobre a necessidade de um cessar-fogo. "As partes concordaram que é necessário que se atinja uma solução pacífica e política para o conflito", constava de comunicado distribuído ontem. Não foram divulgados detalhes sobre as propostas elaboradas nas conversações realizadas nos últimos três dias. Texto Anterior: Premiê recua sobre sigilo de documentos Próximo Texto: Colômbia vai propor novas extradições de traficantes Índice |
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