São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Empresário de Arraes está na mira da CPI

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

O economista e empresário Roberto Vianna, suspeito de envolvimento na negociação dos títulos de Pernambuco, faz de tudo no governo do Estado: de publicidade ao fornecimento de comida para os presos.
Destacado como um dos melhores economistas do Nordeste, além de também atuar como estrategista de campanhas eleitorais, Vianna consegue, sem ocupar nenhum cargo público, ter mais poder do que muitos secretários estaduais dos governos da região.
Assessor informal em Pernambuco, planejou, entre outros assuntos, o projeto do governador Miguel Arraes (PSB) para a demissão de funcionários públicos.
Esse tipo de ação, realizada sem que o seu nome apareça, é comum nas atividades profissionais de assessoria do economista, que funciona como uma espécie de eminência parda do governo.
Ele é o responsável pelo planejamento de propaganda oficial. É da empresa Polo a campanha "Viva a nota", de 1996, para ampliar a coleta de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço).
As ligações de Vianna com o governo Arraes não param por aí. A empresa Copat, de sua família, é acusada de se beneficiar de uma licitação para fornecer comida a todos os presídios do Estado.
Com um orçamento de R$ 6 milhões, a concorrência foi contestada pela empresa MLC Coelho, que levou a sua queixa ao Ministério Público estadual. A MLC alega que a licitação tinha cartas marcadas.
A suspeita deve-se ao afastamento dos demais concorrentes da disputa ainda no início do processo licitatório. Segundo o governo, as empresas não atendiam às exigências para serem qualificadas.
Muro ideológico
Vianna começou a conquistar poder em Pernambuco na gestão de Joaquim Francisco (PFL), quando foi secretário de Governo.
Uma das suas proezas mais famosas ficou conhecida como a "queda do muro" de Recife, com o apoio de políticos e artistas ditos de esquerda na campanha e na administração do PFL (1991-1994).
Depois da passagem pelo governo pefelista, Vianna optou por atuar fora dos gabinetes oficiais.
Em 1994, aliado a Antonio Lavareda, dono da empresa de pesquisas MCI e conselheiro político do governo de Fernando Henrique Cardoso, foi um dos coordenadores da campanha vitoriosa de Tasso Jereissati (PSDB), no Ceará.
Também prestou serviços à campanha de Roseana Sarney (PFL) no Maranhão. Outra vitória.
Acusações
A CPI dos Precatórios suspeita que ele tenha sido o contato entre o Banco Vetor e o secretário da Fazenda de Pernambuco, Eduardo Campos (neto de Arraes).
Um bilhete do banco, que cita o nome de Vianna, e centenas de telefonemas entre ele e funcionários do Vetor serviram para alimentar as suspeitas contra o economista.
Roberto Vianna, que prestou depoimento à Polícia Federal na semana passada, nega qualquer participação no episódio.
Irritado com o assunto, o economista, conhecido pela sua polidez ao estilo inglês (estudou muito tempo na Inglaterra), tem evitado falar com a imprensa. A Folha tentou ouví-lo, nos últimos quatro dias, sem sucesso.

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