São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Maluf defende prefeito e ataca Covas

CARLOS EDUARDO ALVES

CARLOS EDUARDO ALVES; SILVIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Ex-prefeito é recebido por Pitta no aeroporto e pede investigação de contratos do governo do Estado de SP

O ex-prefeito Paulo Maluf retornou ontem a São Paulo e evitou entrar em detalhes sobre o escândalo dos precatórios. Em entrevista propositalmente desorganizada, preferiu acusar o governador de São Paulo, Mário Covas.
Maluf chegou de Paris às 6h. Foi recebido pelo prefeito Celso Pitta e seguiu para sua casa. Ás 8h40, Pitta deixou a casa do seu padrinho político, sem falar com repórteres.
A assessoria de Maluf não quis organizar a entrevista, apesar do apelo dos jornalistas. Imprensado em frente ao portão da casa, Maluf escolheu perguntas para responder, simulou não ouvir indagações, disse que alguns repórteres faziam "provocações" e encerrou a entrevista de repente.
Depois de apostar na honestidade de Pitta, Maluf apontou o dedo em direção ao governador Mário Covas.
"O que deveria ser investigado também é a compra de equipamentos e a contratação de empreiteiras pelo governo do Estado, R$ 176 milhões sem concorrência pública, com os contribuintes da campanha eleitoral do atual governador", afirmou o ex-prefeito.
Maluf referia-se a contratos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos questionados no Tribunal de Contas do Estado. Em viagem pelo interior do Estado, Covas não foi localizado ontem.
O ex-prefeito afirmou que Pitta não sabia da atuação de funcionários da Secretaria Municipal de Finanças no caso dos precatórios e que a Receita Federal deveria intimar o atual prefeito para prestar esclarecimentos antes de "vazar" a informação sobre possíveis irregularidades na declaração de renda de seu afilhado.
Sobre a volta de Maluf, Pitta afirmou estar "muito satisfeito". "Ele vir para nos defender é uma questão acessória, uma vez que não há defesa a ser feita porque nada temos a ver com esta questão (dos precatórios)", disse.
Em outro trecho da entrevista, Maluf fez um auto-elogio. "No marasmo que existe neste país, onde ninguém faz nada, ninguém trabalha nada, todo mundo sabe que quem faz e trabalha é Paulo Maluf", disse.
Na sequência da sessão de auto-elogios, o ex-prefeito não hesitou ao responder se o caso dos títulos públicos não prejudicaria uma eventual candidatura sua em 98. "Tem alguém melhor?", indagou.
Maluf programou um almoço ontem para comemorar seus 42 anos de casamento. Pitta foi um dos convidados pelo ex-prefeito.
Durante a tarde, a agenda do ex-prefeito previa contatos para decidir quem será eleito hoje presidente do PPB paulista.
O malufismo está investindo pesado na periferia paulistana para assegurar platéia na convenção de hoje. O senador Esperidião Amin (PPB-SC), presidente nacional da legenda, deve ir à festa malufista, na Câmara Municipal.

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