São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Governo desiste de sanear banco estadual

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ausência de recursos para saneamento dos 26 bancos estaduais, pressões de governadores e poucos interessados na privatização dessas instituições levaram o governo federal a desistir da reestruturação de todo o setor em 97 e no próximo ano.
O saneamento de todos os bancos estaduais, com mudanças nas carteiras de ativos ou passivos (endividamento), exigiria recursos superiores a R$ 40 bilhões, de acordo com avaliação realizada pelo Banco Central.
O governo, por meio da Secretaria do Tesouro Nacional, do Banco Central e de instituições financeiras oficiais, não tem condições de oferecer linhas que permitam a privatização ou a transformação em agências de fomento de todos os bancos estaduais.
Prorrogação
O Ministério da Fazenda estuda prorrogar o prazo de adesão dos governos estaduais ao Proes (Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária). A programação inicial do governo era encerrar o Proes no dia 30 de junho.
O Proes tem linhas para o ajuste dos bancos estaduais -incentivo à privatização de bancos estaduais, vinculada a papéis sob responsabilidade do Tesouro Nacional, empresas estatais e FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais) e reestruturação das carteiras de ativos e passivos.
Até agora, 17 Estados já aderiram ao Proes. A Folha apurou que a maior parte dos governadores não pretende abrir mão do controle dos bancos estaduais.
Os governadores dos Estados do Norte e do Nordeste reivindicam a abertura de linhas de financiamento para capitalizar os bancos, conservando o controle dessas instituições.
Essa proposta já foi descartada pela Fazenda e pelo Banco Central. A prorrogação está em análise pelo governo por causa dos problemas nas negociações com os Estados.
Reforma financeira
Já de olho na suposta aprovação da reeleição pelo Senado, governadores não estão dispostos a abrir mão do controle que exercem sobre o bancos estaduais, que rendem dividendos políticos.
O Palácio do Planalto espera apenas que haja uma solução para o Banespa e para o Banerj.
Alterações no sistema financeiro, atingindo o próprio Banco Central e bancos estaduais, são planejadas apenas no segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, caso ele obtenha o direito de se candidatar à reeleição.
A expectativa da área econômica é que o ajuste dos bancos estaduais consuma o período de cinco anos. A estimativa é que, após esse período, sobrevivam menos de dez bancos estaduais, quase todos transferidos para o setor privado.
O governo federal não tem interesse em promover o fechamento maciço de bancos estaduais em um curto período de tempo.
Além do desgaste político, que não interessa ao Palácio do Planalto em período de reeleição, o governo federal também pretende evitar novos sobressaltos no sistema financeiro.

Governo precisaria de
41 bilhões de reais para conseguir sanear todos os bancos estaduais, de acordo com avaliação do Banco Central

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