São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Envolvidos em massacre estão na ativa

IRINEU MACHADO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

Os 155 PMs envolvidos no mais famoso caso de violência policial no Pará, o massacre dos 19 sem-terra em Eldorado do Carajás (PA), não foram julgados e, com exceção do coronel Mário Pantoja, exonerado, continuam atuando.
A Auditoria Militar do Estado já recebeu a denúncia do Ministério Público e a recusou por duas vezes. Na próxima quinta-feira, o caso completa um ano. Para os promotores do Ministério Público, a Auditoria Militar usa "artifícios" para adiar o julgamento dos PMs.
A PM do Pará paga um dos mais baixos salários do país. Um soldado recebe R$ 170 por mês. Um tenente, R$ 690. O governo estadual afirma não ter condições de aumentar os salários dos 13 mil PMs.
Levantamento da Secretaria da Segurança aponta a expulsão de 200 policiais entre 1995 e 1996. No mesmo período foram abertos 248 IPMs para apurar denúncias.
São Luís
Seis policiais militares do grupo flagrado espancando três assaltantes de bancos em São Luís (MA), em novembro de 95, nunca foram expulsos da corporação.
Um vídeo mostrou os três sendo espancados pelos PMs com golpes de rifles na cabeça e nas costas.
A exibição das imagens levou a governadora Roseana Sarney (PFL) a exonerar o então secretário estadual da Segurança, Celso Seixas. Em nota oficial, o governo do Estado declarou não aceitar o combate à violência com a violência. Roseana exigiu "rigorosa punição" aos policiais.
Os policiais continuam trabalhando na PM. O atual secretário da Segurança, Jair Xexéo, disse "não era motivo para expulsão".
Entre julho de 95 e março de 97, a Justiça Militar recebeu 800 processos contra PMs, dos quais 360 eram por lesões corporais. De 249 processos, 57 resultaram em condenação. O salário inicial de um soldado da PM é de R$ 500,00, mesmo piso da Polícia Civil.

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