São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Mailson defende diversificação

"Exportador enfrenta custos sistêmicos"

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A diversificação de produtos e mercados é o ponto forte da pauta de exportações do Brasil. O farelo de soja, produto mais exportado em 96, foi responsável por apenas 5,71% das vendas externas. Os minérios de ferro ficaram com 5,64%. O café cru, com 3,6%.
A clientela também é variada. Nenhum país fica com mais de 1/5 das exportações brasileiras. Os EUA respondem por 20% das compras. Entre os grandes blocos econômicos, o maior cliente é a União Européia, com 26,9%.
"O grau de diversificação é mais importante para o país do que um eventual desequilíbrio da participação de produtos básicos e manufaturados na pauta de exportações", diz Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda (governo José Sarney).
Segundo Mailson, a situação do Brasil é bem melhor que a do México, que exporta 75% de sua produção para os EUA.
O ex-ministro lembra que, na década de 50, a situação era bem diferente: o país era dependente do café, que representava 2/5 das exportações.
Mailson reconhece que há "perda de dinamismo" das exportações brasileiras de manufaturados. "É o resultado de um longo período de fechamento da economia, que deixou graves sequelas na infra-estrutura do país."
A abertura econômica do início dos anos 90 era inevitável, afirma o ex-ministro. "O problema é que ela não foi acompanhada de reformas que permitissem à indústria ganhos de eficiência."
Tributação estúpida
Segundo Mailson, o setor exportador brasileiro enfrenta "custos sistêmicos" que não existem para o concorrente internacional: "custos burocráticos, uma tributação estúpida e uma das taxas de juro mais altas do mundo".
Ele reconhece que o processo de reformas é lento e que o governo, nesse período de transição, "vai ficar na política de stop and go".
A avaliação de que o país perde terreno na exportação de manufaturados é correta, afirma. "Mas não pode levar ao extremo de menosprezar o potencial agrícola do país."
Para Mailson, o aumento da participação dos produtos agrícolas na pauta de exportações "não é necessariamente ruim, desde que não seja uma tendência para o longo prazo".
Cita a Austrália, um país rico e grande exportador de produtos agrícolas. "Mesmo após as reformas estruturais, o Brasil está destinado a ampliar as exportações agrícolas", diz.

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